Título: IRB deverá lucrar R$ 400 milhões
Autor: Denise Bueno
Fonte: Gazeta Mercantil, 11/11/2004, Finanças, p. B-2

Até setembro, órgão já registrou ganho de R$ 340 milhões, acima do resultado de 2003. O IRB Brasil Re, com capital dividido entre Tesouro e seguradoras, deverá encerrar 2004 com lucro líquido de R$ 400 milhões. Até setembro, o ganho do único ressegurador brasileiro autorizado a operar no País já superou os R$ 328 milhões dos doze meses de 2003, chegando a R$ 340 milhões. Já para o faturamento, a previsão de Lídio Duarte, presidente do IRB, é de estabilidade, próximo a R$ 3 bilhões. No ano passado, os prêmios totais de resseguro do IRB somaram R$ 2,876 bilhões, crescimento de 17,22% em relação aos R$ 2,454 bilhões de 2002.

"Tínhamos previsto uma evolução de 15% no volume de prêmios, pois apostávamos em novos investimentos em infraestrutura e também nos setores de energia e petróleo, bem como nas Parceria Público Privada que não acontece-ram", explicou Duarte. Além disso, as taxas de resseguro no mercado internacional registraram queda, o que impactou negativamente o volume de prêmios do IRB, que opera com base nos preços praticados no exterior.

Segundo Duarte, 2004 foi um ano importante para a instituição, com a implementação de diversas ações voltadas para tornar o IRB um concorrente de peso em caso de uma futura abertura do mercado de resseguros, prometida há anos e sem previsão de ocorrer no governo Lula. Estão em fase final de análise as propostas encaminhadas por quatro consultorias para fazer um levantamento de ativos e passivos do IRB. Aqui o grande "nó" diz respeito ao fundo de aposentadoria, onde se tenta modernizar os planos, alterando-os de benefício definido para contribuição definida. Segundo fontes do setor, entre as participantes deste processo estão nomes como KPMG, Booz Allen e Boston Consulting.

Outra consultoria que deverá ser contratada será responsável por traçar um reposicionamento estratégico do IRB. Uma outra, ligada a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), será responsável por otimizar as retenções do IRB no mercado local.

Duarte também destacou a área tecnológica. Em 2005, disse, será consolidado todo o sistema Enterprise Resourcing Planning (ERP), um software de gestão integrada, que permitirá que todos os departamentos compartilhem uma única base de dados. O executivo também acredita que até o final de 2005 todas as operações do IRB com as seguradoras serão realizadas via web, com a substituição gradual da antiga rede pelo SIN. "Isso dará mais agilidade às operações e uniformizará procedimentos", acrescentou.

Outra mudança em 2005 é a forma de trabalhar com resseguradores e corretoras de resseguro, responsáveis por colocar no mercado internacional cerca de US$ 400 milhões por ano em resseguro. A disputa aqui é grande. Se a comissão média dos corretores for de 15%, o valor em questão é de US$ 60 milhões. Valor suficiente para atrair mais de 25 corretoras estrangeiras para o País. A partir de janeiro, de acordo com os novos critérios aprovados pelo Conselho de Administração, as corretoras terão de manter um cadastro atualizado de resseguradores estrangeiros, um rating mínimo elaborado por empresas de classificação de riscos, entre outras exigências.

Quanto aos insistentes boatos de troca de executivos, principalmente da área comercial, que têm poder para indicar corretoras, Duarte afirmou desconhecer qualquer mudança. Segundo fontes do setor, com o final das eleições para prefeitura e vereador, a disputa interna no Partido dos Trabalhadores ficou mais intensa para poder abrigar petistas que perderam nas urnas, bem como recompensar os que ajudaram alguns a se elegerem. "Como a diretoria do IRB foi composta com base nos termos políticos, e o meio político está instável, é possível que haja mudanças", disse um executivo do setor. Entre os executivos de peso do IRB, há gente do PT, do PP e também do PMDB.