Título: Repercussão nacional
Autor: Medeiros, Luísa
Fonte: Correio Braziliense, 07/04/2011, Cidades, p. 32

Pouco mais de um mês depois de tomar posse como deputada federal, Jaqueline Roriz (PMN)se viu envolvida em um escândalo que pode interromper ou acabar com sua carreira. Em 4 de março, às vésperas do carnaval, foi divulgado um vídeo em que a parlamentar aparece recebendo maços de dinheiro de Durval Barbosa. À época da gravação, feita em 2006, Jaqueline iniciava a trajetória política no PSDB, disputando uma vaga na Câmara Legislativa.

Nas imagens, ela aparece acompanhada do marido, Manoel Neto, queixando-se que estava recebendo pouco apoio financeiro. O ex-secretário de Relações Institucionais entrega um bolo de notas, estimado em R$ 50 mil. Ao fim da campanha, Jaqueline foi a quinta distrital mais votada, conquistando a aprovação de 24.129 eleitores.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, foi a primeira autoridade a reagir à denúncia, afirmando que pediria ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de processo para investigar a parlamentar por considerar o caso ¿extremamente grave¿. O PSol também se manifestou favorável à apuração dos fatos e, logo na quinta-feira após o feriado, protocolou pedido de abertura de processo por quebra de decoro na Corregedoria da Câmara dos Deputados.

O presidente e o corregedor da Câmara destacaram que os parlamentares apurariam, com rigor e agilidade, as irregularidades cometidas antes e durante o exercício do mandato.

Em 18 de março, o golpe mais duro foi concretizado. O Ministério Público do DF ajuizou uma ação de improbidade administrativa contra a deputada, o marido dela, o ex-governador José Roberto Arruda e Durval Barbosa. O MP acusa a parlamentar e Manoel Neto de terem recebido dinheiro de propina pago por Durval a mando de Arruda. Além disso, segundo a denúncia, ela teria recebido cinco rádios Nextel para facilitar a comunicação durante a campanha eleitoral. As contas dos aparelhos foram pagas pelo Governo do Distrito Federal.

Druval afirmou em depoimento que o dinheiro e os rádios repassados à então candidata eram como uma retribuição determinada por José Roberto Arruda ao compromisso assumido por Jaqueline de não pedir votos a Maria de Lourdes Abadia, que participou da disputa, em 2006, pelo Palácio do Buriti.