Título: Exportações garantem 40% das vendas da fábrica gaúcha Schutz
Autor: Rita Karam
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/08/2004, Indústria, p. A-13

A experiência de quem atua desde os 13 anos de idade na produção calçadista está recompensando o empresário e designer Alexandre Birman. O dono da Schutz, fábrica de calçados criada há dez anos, informou que vai encerrar 2004 com 1,4 milhão de pares produzidos, 40% desse total voltados para exportação. A produção é 43% maior do que o de 2003, quando a Schutz fabricou 980 mil pares - 25% para o exterior. O preço médio do par exportado é de US$ 20, disse Birman, começou a atuar no mercado externo ao participar de uma feira em Nova York, em 2001.

A iniciativa rendeu um contrato com um distribuidor que, entre outros pontos, colocou os calçados na rede canadense Aldo, com cerca de 600 lojas espalhadas pelo mundo. No inicio do ano passado a rede de varejo decidiu comprar diretamente da fábrica brasileira. Resultado: as exportações para a marca canadense, que foram de 250 mil pares em 2003, vão chegar a 400 mil pares este ano. Nesse caso, os calçados levam a marca da rede de lojas, mas a empresa também exporta com a própria marca, segundo Birman. A Schutz tem clientes na Europa, Estados Unidos, Ásia e Oriente Médio.

Para 2005, a previsão de Birman é aumentar em, pelo menos, mais 30% as exportações. Para isso, uma das apostas é a participação em feiras comerciais. No próximo mês a empresa participa da Mican, principal feira de moda calçadista do mundo que acontece na Itália. Além de Itália e Estados Unidos, a Schutz comparece também aos eventos da Espanha e da Alemanha. Isso sem contar as inúmeras feiras brasileiras. E uma das armas para conquistar os clientes é a variedade. A empresa lança cem novos modelos a cada 45 dias.

Uma das dificuldades encontradas por Birman no início da operação foi exatamente conseguir a flexibilidade necessária para acom-panhar as mudanças exigidas pelo mundo da moda. "Fazemos produtos artesanais com tecnologia. São necessárias 150 pessoas para fazer 1 mil pares por dia ", afirmou Birman, que disse empregar 800 funcionários e contar com outros 450 para terceirizar a etapa de costura dos calçados.

No Brasil, as linhas da Schutz são vendidas em 700 clientes multimarcas. A empresa também conta este ano com uma loja exclusiva em São Paulo. Birman disse acreditar que as vendas no mercado doméstico, por enquanto, fiquem na casa de 1 milhão de unidades por ano, devido à faixa de preços em que concorrem os calçados da marca, uma média de R$ 250.

O empresário de 28 anos começou o próprio negócio quando a fábrica do pai, a Arezzo passou a terceirizar a produção e focar a operação na rede de franquias, operando apenas com lojas exclusivas. A Schutz aproveitou o espaço deixado pela Arezzo. Inicialmente a empresa fabricava calçados masculinos e começou em uma das unidades mineiras da Arezzo.

Mudou-se para Campo Bom, no Rio Grande do Sul, em 1999 a convite da prefeitura local. Hoje a Schutz tem duas fábricas no município, uma delas adquirida no ano passado por R$ 1,8 milhão, que permitiu aumentar a capacidade da empresa em 60 mil pares mensais.

Birman começou a trabalhar na Arezzo aos 13 anos e passou pelas diversas etapas de fabricação, da classificação do couro até a montagem final e a modelagem. Formado em administração de empresas, a primeira operação que montou foi para produzir sandálias anatômicas apropriadas para caminhada. Três anos depois estava fabricando calçados femininos. O faturamento da Schutz deve chegar a R$ 80 milhões este ano, 60% mais do que os R$ 50 milhões de 2003.