Título: Acesita busca dobrar sua participação nos EUA
Autor: Gustavo Viana
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/08/2004, Indústria, p. A-13

A Acesita, maior fabricante de aço inoxidável da América Latina e associada ao grupo europeu Arcelor, pretende aumentar sua participação no mercado norte-americano. A siderúrgica tem a meta de ampliar a sua participação nas importações de aço inox dos Estados Unidos dos atuais 3% para 6% até o final deste ano. Segundo o presidente da Acesita, Luiz Anibal de Lima Fernandes, a empresa vem aumentando gradativamente a sua presença nesse mercado, graças, em grande parte, à existência de um centro de serviços da Arcelor, localizado em Detroit.

O aço inox fornecido pela Acesita ao mercado norte-americano atende principalmente o mercado automotivo. Nesse segmento, o inox é usado na fabricação de escapamentos, motores, sistemas automotivos no acabamento dos automóveis. Segundo Fernandes, o México também pode ser um bom caminho para o ingresso dos produtos da Acesita na Alca.

A empresa pretende também adquirir uma laminadora de aço a frio no exterior. A preferência é pelos Estados Unidos. Segundo Fernandes, uma laminadora nos EUA custaria cerca de US$ 200 milhões à empresa. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), segundo maior acionista da Acesita, defende a investida da empresa no exterior. As exportações da Acesita passaram de 102,1 mil toneladas no primeiro semestre de 2003 para 126,1 mil toneladas entre janeiro e junho deste ano. O mercado asiático é o principal destino das exportações, com 44% dos embarques - sendo 20% desse volume para a China.

A Europa respondeu por 27% das vendas externas da Acesita no semestre; a América do Sul, 17%; a América do Norte e Central, 7%; e 5% para outros destinos. Segundo Fernandes, o foco das futuras exportações da empresa são os EUA e União Européia. "A China não faz parte da nossa estratégia de longo prazo", disse. A Arcelor conta com um operação na Itália que está facilitando a entrada dos produtos da Acesita no continente.

As vendas externas da empresa atingiram US$ 359 milhões nos últimos 12 meses (de julho de 2003 a junho de 2004) contra US$ 308 milhões nos 12 meses anteriores. A Acesita vai investir R$ 80 milhões neste ano para a manutenção da capacidade de produção. Em 2003, o aporte somou R$ 60 milhões. A empresa deverá fazer um desgargalamento em sua capacidade de produção de aço inox, que deverá passar das atuais 300 mil toneladas para 330 mil toneladas anuais, a partir do primeiro semestre de 2005, informou o diretor financeiro da empresa, Gilberto Audelino Correa. A siderúrgica também deverá converter seu alto-forno 2 para o uso do carvão vegetal, matéria-prima mais barata que o coque, que é importado da China e do Japão.

Para isso, a empresa precisaria aumentar sua área de plantio de eucaliptos. "Já temos uma área de 126 hectares no norte do estado de Minas Gerais" disse Fernandes. A Acesita também deverá exercer o seu direito de opção para consumir 12% do coque destinado à Belgo-Mineria na joint venture Sun Coqueria Tubarão (SOL). "Participamos de todas as etapas da negociação e só não estamos em sua estrutura societária devido a facilida-des contratuais, mas é uma alternativa a nosso alcance", disse Fernandes. Segundo o executivo, a Acesita tem quatro anos para exercer essa opção A Belgo conta com 37% da composição acionária e ficará com 25% do coque fabricado pela nova empresa, que irá produzir 1,55 milhão de toneladas anuais de coque metalúrgico (insumo para a produção do aço), com previsão de início das operações em julho de 2006.