Título: Perspectiva de crescimento neste semestre
Autor: Edna Simão
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/08/2004, Comércio & Serviços, p. A-13

Animados com a previsão de crescimento econômico entre 3% e 4% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e com a estabilidade da inflação, os empresários do setor de turismo reverteram as estimativas e apostam numa expansão dos negócios entre 8,5% e 42% nas áreas de hotelaria, operadoras, agências de viagens, eventos e restaurantes. Estes dados constam do 3º Boletim de Desempenho Econômico do Turismo, divulgado ontem, em Brasília, pelo ministro Walfrido dos Mares Guia.

A previsão é de que o setor mantenha a oferta de empregos. Segundo o ministro, cerca de 200 mil trabalhadores formais e informais deverão ser contratados no setor até o final deste ano.

A pesquisa, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi feita com 821 empresas de todo o País e serve como um termômetro empresarial que mostra como o setor avaliou o segundo trimestre deste ano, bem como as perspectivas para este terceiro trimestre. As empresas consultadas movimentam anualmente um total da ordem de R$ 1,5 bilhão.

Segundo o ministro do Turismo, na pesquisa anterior, os empresários projetavam um desempenho fraco para o período entre abril e junho, devido à baixa temporada. Os dados, no entanto, acabaram sendo melhores do que o esperado. O ministro chegou a fazer a seguinte comparação: "O turismo é igual à gripe. Quando tem um problema, ele vai para cama, mas se recupera depressa. basta ver o 11 de setembro, o Sars (Síndrome Respiratória Aguda Severa), a guerra no Iraque. O turismo já está retomando os negócios no mundo inteiro".

O segmento mais otimista, que prevê um crescimento de 41,9% dos negócios, é o das operadoras. Apesar disso, os empresários não mostraram na pesquisa a intenção de contratar mais trabalhadores no terceiro trimestre. Já o setor de hotelaria prevê um avanço médio de 8,5%. A previsão dos restaurantes é de um crescimento de 11,6%. O setor de eventos deverá ter um avanço de 19,3%.

Estrangeiros

Boa parte desse otimismo está ligada à expectativa de manutenção ou aumento do fluxo de turistas estrangeiros. No primeiro semestre deste ano, os gastos dos estrangeiros em viagens ao Brasil atingiram o recorde de US$ 1,62 bilhão, fazendo do turismo a terceira principal fonte de ingresso de dólares no País, no período.

Segundo levantamento da Embratur, em média, os estrangeiros ficam no país por 13,5 dias. O gasto diário é de US$ 87,99. A maior parte deles têm entre 28 e 45 anos, e nível de educação universitária. A maioria dos estrangeiros visita o País em busca de lazer (53,9%) e de negócios, congressos e convenções (26%). Outros 17,1% procuram familiares e amigos. O que mais influenciou as pessoas a visitarem o País foi a informação de amigos (61,9%) e internet (13,4%). Um ponto positivo é que 97,2% dos estrangeiros manifestaram interesse de retornar.

Em relação à infra-estrutura básica e turística, os estrangeiros criticam principalmente as deficiências de sinalização (10,3%), limpeza (10,1%) e segurança (9,3%).

Em 2003, o Brasil recebeu cerca de 4,1 milhões de turistas que foram responsáveis pela entrada de aproximadamente US$ 3,4 bilhões - um aumento de 8,52% em relação ao ano anterior.