Título: Desabastecimento ameaça São Luís
Autor: Franci Monteles
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/08/2004, Gazeta do Brasil, p. B-14

Governador José Reinaldo Tavares decreta estado de emergência; ponte danificada impede acesso de cargas. A ilha de São Luís (MA) pode sofrer problema de desabastecimento, caso não seja criada uma alternativa para a entrada de caminhões que transportam produtos para o comércio local até amanhã (quinta-feira). O alerta é do presidente da Associação Comercial do Maranhão (ACM), Luís Carlos Cantanhêde. O acesso a veículos pesados está interditado desde o último sábado, quando alguns cabos de proteção da ponte do Estreito dos Mosquitos, único elo de ligação entre São Luís e o continente, foram rompidos, abrindo uma fenda de 15 centímetros. Até o momento não há previsão de quando o tráfego da ponte deve ser normalizado. Apenas os carros de passeio têm acesso liberado.

Ontem, o governado do Maranhão, José Reinaldo Tavares, secretaria de comunicação, decretou estado de emergência por causa do isolamento parcial de São Luís. Nesta quinta-feira, o governador tem audiência em Brasília, com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, para solicitar urgência de recursos para a conclusão de uma nova ponte, cuja obra que pertence ao governo federal foi iniciada há cinco anos e nunca foi concluída.

Ainda ontem à tarde, técnicos do Departamento Nacional de Intra-Estrutura e Trânsito (Dnit) estiveram reunidos com representantes da Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) para estudar a alternativa de colocar um tabuado nos trilhos da ponte metálica, localizada ao lado, para permitir o acesso de veículos pesados.

"Estamos fazendo ajustes estudando a melhor forma, pois a bitola dos caminhões é maior do que a bitola da ferrovia", explicou o diretor do Dnit no Maranhão, Leônidas Caldas.

Fila de caminhões

Enquanto não há solução, do lado do continente os caminhões carregados com produtos para abastecer a Ilha, que tem quatro municípios (São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa), formam uma imensa fila ao longo da BR-135, além de ônibus e vans. Situação que preocupa os empresários maranhenses. São Luís importa pouco mais de 90% do consome.

"São Luís importa desde a carne a verduras, frutas e legumes. Estamos temendo que haja um desabastecimento generalizado de alimentos, dependendo do quan-to durar a situação", disse o presidente da Associação Comercial do Maranhão (ACM), Luís Carlos Cantanhêde, ressaltando que o comércio ainda tem estoque para suportar a situação por mais uns dias. O presidente da ACM também não descarta a possibilidade de prejudicar a distribuição de combustível para o interior do estado, que entra pelo porto do Itaqui e deixa São Luís de trem e também de carro.

Uma alternativa que já está sendo utilizado por algumas transportadoras e empresas de transporte de passageiro é a travessia em ferry-boat, com saídas da localidade de Pinheiro, a 343 quilômetros de São Luís. As embarcações, que costumam realizar até cinco viagens diárias, estão fazendo mais de 15 por dia.

Segundo Luís Carlos Cantanhêde, os empresários também estudam a possibilidade de embarcar os caminhões e carretas em trens CFN e da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). A CVRD já transporta carretas por algumas empresas a partir do município de Santa Inês, a 245 quilômetros de São Luís.

O rompimento dos cabos da ponte atual, de acordo com informações do governo, ocorreu em virtude do excesso de peso, logo após a passagem de duas carretas com mais de 70 toneladas, cada.

A bancada de parlamentares federal do Maranhão se reuniu ontem com o ministro dos transportes em Brasília e cobrou uma solução para o problema.

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