Título: Os frutos da educação continuada
Autor: José Zetune
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/11/2004, Opinião, p. A-3

Empresas aumentam investimento na especialização dos empregados. Falar em globalização hoje em dia parece repetitivo, mas a realidade é que a velocidade com que as informações chegam e interferem no dia-a-dia das pessoas, das empresas e das nações é imensa e, muitas vezes, difícil de acompanhar. Ser bom profissional neste cenário não requer só boa formação acadêmica. É impreterível investir em educação continuada como forma de atualização, especialização e aperfeiçoamento curricular e pessoal.

Sabemos que boa parte da população não tem acesso ao ensino universitário por questões econômicas e até mesmo de formação, já que poucos conseguem terminar o ensino médio. Os cursos profissionalizantes são boa saída como impulsionadores da busca por conhecimento.

E essa realidade é tão concreta que o próprio Ministério da Educação vem transformando o modelo educacional em algo mais flexível. Mais próximo de nossas diversidades geográficas, socioculturais e econômicas. A educação profissional, como são denominados os cursos profissionalizantes pelo MEC, é reconhecida como uma importante ferramenta para inserir ou reinserir um profissional ao mercado de trabalho.

As empresas também apostam nisso e passam a investir mais na especialização de seus colaboradores. Permitindo o acesso a cursos tanto em entidades e institutos idôneos como "encomendando" cursos in company, formatados na medida certa das necessidades de cada departamento ou área.

Claro que a educação profissional não exclui de forma alguma a importância da formação acadêmica. Mas é com certeza um caminho para o desenvolvimento profissional. Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em 1999 é um bom termômetro para isso. O objetivo do estudo era estipular as diretrizes da reforma no ensino. A conclusão foi a de que cerca de 2,8 milhões de pessoas estavam matriculadas em cursos de ensino profissional no País. Desse número, 68% estavam em cursos na área de serviços. Na seqüência, aparece o setor da Indústria, com 24,2%, seguido por agropecuária e pesca, com 4,1% dos alunos matriculados. Em último, estava o setor de comércio, com 3% do total.

Esse crescimento da educação profissional pode ser avaliado também pelos números apresentados pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB). Em 2000 a entidade teve 1.987 alunos em seus cursos; já em 2003 foram 3.029 alunos, ou seja, um aumento de 15,24% em apenas dois anos.

Um reflexo das exigências do mercado, que levam a um número cada vez maior de pessoas a buscarem por uma educação continuada. Para quem pretende usar essa alternativa para o desenvolvimento profissional, a dica é avaliar o programa e o material didático dos cursos, bem como o currículo dos instrutores, além, claro, da idoneidade do estabelecimento de ensino. Esse é o papel do aluno, que, como consumidor, deve estar atento às ofertas e à qualidade do que é oferecido. Essa é a garantia para termos uma educação cada vez melhor.