Título: Gasolina pressiona e IPCA aumenta 0,44% em outubro
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/11/2004, Nacional, p. A-4

A inflação fechará o ano abaixo do teto da meta de 8,5%, diz IBGE. A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que em outubro subiu 0,44%, fechará o ano abaixo do teto da meta fixada pelo Banco Central, de 8,5%. O resultado ficou 0,11 ponto percentual acima da taxa de setembro, de 0,33%. No ano acumulou 5,95%, superando o centro da meta, de 5,5%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação de outubro não causou surpresas, permanecendo dentro dos patamares estimados por analistas de mercado.

A alta do IPCA em outubro, conforme a gerente de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, foi provocada, em grande parte, pelo reajuste dos preços da gasolina concedidos pela Petrobras ¿ com alta de 1,45% em outubro ¿, do álcool, do gás de cozinha e das passagens aéreas. Nesse último caso, o setor sofreu impacto negativo do aumento de preços do querosene de aviação. Em conjunto, eles foram responsáveis por 0,15 ponto percentual no resultado final do IPCA.

Além dos combustíveis, a inflação em outubro também foi influenciada pelo aumento dos preços do aço no mercado internacional, em função da pressão sobre os custos da indústria automobilística. Os veículos novos tiveram um reajuste de 1,29% em outubro, além da alta de 0,88% de setembro, o que soma um aumento acumulado no ano de 12,24%.

As pressões também recaíram sobre o segmento de peças e acessórios para veículos, com alta de 1,78% em outubro. Os preços dos eletrodomésticos, que subiram 0,99%, acumulam alta de 8,58% até outubro. Esse comportamento dos preços no varejo refletem o repasse dos aumentos no atacado.

Os núcleos de inflação também aumentaram em outubro, o que reforça as expectativas de analistas de que o Banco Central manterá sua política em novembro. De acordo com os especialistas do departamento econômico do Bradesco, o núcleo por médias aparadas sem suavização foi o que mais acelerou, subindo de 0,44% para 0,55% ¿ comparando-se com o IPCA-15 de outubro.

O núcleo por expurgo acelerou de 0,48% para 0,55% na mesma base de comparação e o núcleo suavizado saiu de 0,58% para 0,60%. Os núcleos sinalizam a tendência da inflação futura, porque não incluem as mais altas e mais baixas variações.

Segundo Eulina Nunes, a inflação de novembro ainda sofrerá impactos do aumento do preço do aço, da gasolina e do novo reajuste do preço do álcool nas refinarias. O comportamento da cotação do aço no mercado internacional, conforme a pesquisadora do IBGE, será um fator de preocupação sobre a inflação em 2005.

A variação dos preços dos alimentos, pelo segundo mês consecutivo, desacelerou de ¿0,19% em setembro para ¿0,23% em outubro. As pressões de alta estão concentradas nos preços administrados, que subiram 0,80%, e as de baixa estão concentradas nos alimentos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) subiu 0,17% em outubro.