Título: A tendência é expandir a corrente de comércio
Autor: Cristina Borges Guimarães
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/11/2004, Nacional, p. A-5

O fluxo de comércio bilateral entre o Brasil e a China deverá atingir US$ 12 bilhões este ano e superar US$ 35 bilhões até 2010, segundo estimativa do diretor-geral de comércio exterior do Ministério de Comércio da China, Li Minglin. Ele participou ontem da inauguração do China Trade Center, em São Paulo. Até setembro o fluxo comercial entre Brasil e China já ultrapassou US$ 9 bilhões. No ano passado, o comércio bilateral entre os dois países foi de US$ 7,9 bilhões.

O crescimento reflete o empenho dos governos em ampliar suas relações comerciais. Depois da viagem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez a China em maio, o líder chinês, Hu Jintao, visita o Brasil, a fim de estimular ainda mais os negócios. O secretário do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Ivan Ramalho, também acredita que o comércio bilateral deve ultrapassar os US$ 10 bilhões neste ano. Ramalho disse que o Mdic está empenhado em diversificar a pauta de exportações brasileiras para a China, concentrada em soja e minério de ferro.

Confiança do empresariado

Atualmente, a China é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas dos Estados Unidos e da Argentina. As vendas externas do País aos chineses correspondem apenas a US$ 4 bilhões dos US$ 400 bilhões importados anualmente pela China de todo o mundo, o que mostra, segundo Ramalho, "o potencial de crescimento das exportações para a China", principalmente em segmentos como máquinas e equipamentos e eletroeletrônicos.

De acordo com o diretor-geral de comércio exterior do Ministério de Comércio da China, Li Minglin, 76 empresas chinesas possuem investimentos no Brasil, que totalizam US$ 130 milhões. Os negócios chineses no país estão focados em mineração, madereira e eletrodomésticos. Na China, são 337 investimentos brasileiros, que somam US$ 120 bilhões.

A Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE) realizou, no período entre os dias 1 e 10 de novembro, a pesquisa "O que o empresário brasileiro espera da visita do presidente da China, Hu Jintao". O mercado chinês oferece uma grande oportunidade para se fazer negócios, segundo 80,1% dos que responderam ao questionário. As respostas indicaram que o empresariado brasileiro aposta num crescimento do comércio bilateral no ano que vem ainda maior do que o de 2004.

Nada menos que 81,6% dos entrevistados classificaram a China como prioridade alta e média para suas empresas no mercado externo. E 83,8% pretendem concretizar algum tipo de negócio com a China em 2005. Participaram da pesquisa 136 empresários brasileiros.

O setor com maior participação foi o de agronegócios e alimentos, com 15% das respostas. Em segundo lugar figuraram as tradings companies, com 14%, e em seguida as consultorias internacionais, com 11%. Os setores de construção, de mineração e metalurgia e de telecomunicação e energia participaram com 7% respectivamente, e as indústrias automotivas e a área química e petroquímica com 6% cada.

A pesquisa revelou ainda que 68,4% dos entrevistados ainda não visitaram a China, nem para fazer negócio nem a turismo. No entanto, 45,6% das empresas que participaram já possuem negócios com o mercado chinês. Além disso, 94,9% acreditam que o crescimento econômico da China é positivo para o Brasil.

China Trade Center

Ontem foi inaugurado o novo edifício do China Trade Center (CTC) ¿ entidade que promove o comércio, investimentos e turismo em nome do Ministério de Comércio da China. A inauguração coincidiu com a chegada do presidente chinês, Hu Jintao, ao Brasil e a celebração dos 30 anos de relações comerciais entre o Brasil e a China.

O prédio tem 11 andares em estilo chinês e é o maior escritório de representação comercial de um país em São Paulo. A entidade vai ocupar três andares do prédio. Na avaliação de Ramalho, a iniciativa de criar o China Trade Center é prova do interesse do setor privado nos investimentos dos dois países.