Título: Críticos do novo código
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Fonte: Correio Braziliense, 08/04/2011, Política, p. 4

Trabalhadores do campo, entidades ambientais, pastorais e de defesa da agricultura familiar reuniram cerca de mil pessoas ontem na Esplanada dos Ministérios para cobrar o adiamento da votação do Código Florestal na Câmara. Os manifestantes entregaram documento ao presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), subscrito por 39 entidades, com pedidos para que os parlamentares esperassem o resultado do diálogo no governo federal para votar as mudanças na legislação.

Os principais pontos contestados pelos manifestantes dizem respeito à redução das áreas de proteção às margens de rios, lagos, encostas e topos de morro, e à incorporação de Áreas de Proteção Permanente (APPs) ao cálculo das reservas legais ¿ parcela mínima que cada produtor tem de manter intacta dentro da propriedade. O movimento entende que o relatório final do novo código, elaborado por Aldo Rebelo (PCdoB-SP), contribui para o aumento de desastres ambientais.

¿Estamos trabalhando em defesa da vida para todos os brasileiros, inclusive os ruralistas. Eles não entendem por falta de base científica. Forjaram pareceres para justificar uma sanha suicida de converter a floresta em dinheiro¿, diz Paulo Almeida, da Pastoral da Saúde e da SOS Clima Terra. Na semana que vem, a Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC) deve divulgar um estudo condenando pontos do Código Florestal.

Pelos cálculos das entidades ambientalistas, o desrespeito às atuais regras de preservação provocaram tragédias ambientais com milhares de mortos e feridos. No Brasil, só neste ano, teriam sido mais de 3 mil óbitos e 150 mil desabrigados, além de 3 milhões de feridos. ¿Esse novo Código é o Brasil na contramão da história. Diminuir áreas de proteção é piorar a qualidade da água, favorecer o assoreamento e tragédias ambientais¿, argumenta Raul Krauser, da Via Campesina. (II)