Título: Genoino tenta acalmar os descontentes do PMDB
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/11/2004, Política, p. A-7
Um dia depois do PMDB mostrar disposição de deixar o governo, marcando para o dia 12 de dezembro a convenção nacional para decidir os rumos do partido, o PT acusou o golpe. O presidente nacional da legenda, José Genoino (SP), foi ontem ao Congresso conversar com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), com o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL) e com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A todos, o mesmo discurso: a importância do PMDB como um partido aliado. "Temos o apoio do PMDB em 700 municípios. Estamos abertos para conversar sobre possíveis erros", admitiu o petista, evitando, contudo, fazer um mea-culpa.
Genoino garantiu ainda que não é o momento de se falar em 2006. Alegou que a prioridade do PT no momento é o crescimento econômico e a agenda de reformas políticas e econômicas. O discurso não convenceu muito o deputado Michel Temer (SP). O peemedebista garante que não há hipótese de ser interrompido o processo consultivo ao partido, que culminará com a reunião da Convenção Nacional, em dezembro. "Todo partido tem um projeto, uma idéia de poder. Temos que ter uma aliança eleitoral governativa, e não, ser um partido satélite", taxou Temer.
Segundo o parlamentar, não satisfaz mais ao partido essa imagem de um partido adesista. Temer confirmou que os estados que desejarem fazer convenções estaduais para deliberar sobre a questão estão liberados. Mas frisou que a Convenção Nacional é soberana para decidir. "Evidentemente, se uma esmagadora maioria dos diretórios estaduais defender a permanência no governo, isto terá peso nas decisões", confirmou.
Temer disse ter recebido um telefonema, ontem, do vice-líder do governo no Senado, Ney Suassuna (PMDB-PB). Suassuna foi acusado de remeter ilegalmente para o exterior US$ 3 milhões.