Título: Dirceu representa Brasil em funeral
Autor: Romoaldo de Souza
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/11/2004, Internacional, p. A-7

Para Amorim, Arafat teve importante papel na busca pelo fim de conflitos no Oriente Médio. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou o ministro da Casa Civil, José Dirceu, para representá-lo nos funerais do presidente palestino, Yasser Arafat, que faleceu por volta da meia noite e meia de ontem. Em nota oficial, o governo brasileiro apresentou condolências ao povo palestino pela morte de Arafat, a quem o governo considera um "líder histórico" e reafirmou que às lideranças palestinas saberão manter vivos os ideais do líder morto.

A nota do governo brasileiro conclui afirmando "apoio à criação de um Estado palestino livre e soberano e à construção de um futuro de paz e prosperidade no Oriente Médio". Segundo o Palácio do Planalto, o presidente Lula não irá ao funeral pois recepcionará o presidente da China, Hu Jintao.

Para o chanceler Celso Amorim, Arafat desempenhou importante papel nas tentativas de solucionar conflitos no Oriente Médio. "Infelizmente, os acontecimentos depois levaram a um rumo diferente, mas os nossos votos são de que o povo palestino realize rapidamente seu direito de se organizar como um Estado, dentro de um ambiente pacífico na região", afirmou.

Amorim lamentou que a morte de Arafat possa contribuir pouco para o processo de paz entre palestinos e israelenses. "Apesar de ter contribuído para a unidade do povo palestino e promovido acordos para uma base de entendimento, infelizmente, as intolerâncias dos dois lados não permitem que isso aconteça facilmente."

O senador Marco Maciel (PFL-PE) defendeu no Senado, durante manifestação de condolências pelo falecimento Arafat, o cumprimento da Resolução nº 242 da Organização das Nações Unidas (ONU) como único instrumento capaz de promover o entendimento no Oriente Médio. "A Resolução nº 242 da ONU é, a meu ver, o instrumento adequado para criar as condições necessárias ao entendimento no Oriente Médio e o conseqüente desabrochar de um amplo movimento de paz, não somente naquela região, mas no mundo", afirmou.

O ministro Aldo Rebelo, da Coordenação Política, também lamentou a morte de Arafat, afirmando que o líder palestino simbolizou a fase final da luta pela descolonização do território ocupado. "É importante lembrar que essa luta valeu ao presidente Arafat o Prêmio Nobel da Paz (1994)", disse Rebelo que, na década de 80 fundou em São Paulo, o Comitê de Solidariedade aos Povos Palestinos, um dos primeiros no Brasil. Integram a comitiva do ministro Dirceu, dois assessores da Casa Civil, três diplomadas do Itamaraty, Paulo Gustavo Iansen de Sant¿ana, Sarkis Karmirian e Eduardo Sabóia, além de quatro parlamentares, o senador Maguito Vilela (PMDB-GO), e os deputados Paulo Pimenta (PT-RS), Jamil Murad (PC do B-SP), Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) e Maurício Rands (PT-PE) e jornalistas convidados. O embaixador Afonso Ouro Preto vai representar o governo brasileiro no enterro de Arafat, em Ramallah.