Título: Funerais na cidade natal
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Fonte: Gazeta Mercantil, 12/11/2004, Internacional, p. A-8

Yasser Arafat, que simbolizou durante décadas a causa do povo palestino, morreu ontem aos 75 anos, em um hospital militar perto de Paris, depois de agonizar durante duas semanas. "Yasser Arafat, presidente da Autoridade Palestina (ANP) morreu no hospital das Forças Armadas Percy, em Clamart, no dia 11 de novembro de 2004", anunciou o general e médico Christian Estripeau, do serviço de saúde das Forças Armadas francesas. O vice-ministro palestino das Relações Exteriores, Ilan Halevi, declarou à rádio privada francesa Europe 1 acreditar que Arafat morreu de causa natural.

O presidente da ANP foi internado em 29 de outubro passado "por causa de uma importante alteração de seu estado geral e por anomalias sanguíneas", informaram então os comunicados oficiais. Durante seus 14 dias de hospitalização, o estado de saúde de Arafat foi cercado de grande mistério, ainda não desvendado, e ele foi declarado morto várias vezes, mas estes anúncios eram imediatamente desmentidos pelas autoridades francesas e pelos dirigentes palestinos.

Os funerais de Arafat serão realizados hoje no Cairo. A presença de muitos dirigentes do mundo inteiro é esperada nas cerimônias. Arafat será enterrado no seu quartel-general da Muqata, em Ramallah, onde vivia isolado desde três anos, cercado pelo exército israelense.

O presidente do Parlamento palestino, Rawhi Fattuh, assumirá a presidência da ANP por um período de 60 dias. O número dois da direção palestina, Mahmud Abbas, foi nomeado líder da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), enquanto o diretor do braço político desta organização, Faruk Kadumi, foi designado para comandar o Fatah, anunciou uma fonte oficial palestina. O Fatah é a principal ramificação da OLP, criada no início dos anos 60 por Yasser Arafat. Assim que a morte do líder palestino foi divulgada, os dirigentes do mundo inteiro expressaram seu desejo de ver as relações entre palestinos e israelenses evoluir na direção da paz.

As bandeiras palestinas foram içadas a meio pau, e um luto de 40 dias foi decretado nos territórios palestinos de Gaza e Ramallah, cidade que o exército israelense cercou rapidamente.