Título: Ministro da Previdência abre sindicância para apurar pane da Dataprev
Autor: Luiz Queiroz
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/11/2004, Telecomunicações & Informática, p. A-12

O ministro da Previdência e Assistência Social, Amir Lando, anunciou ontem a abertura de uma sindicância na Dataprev ¿ a empresa federal de processamento de dados vinculada ao ministério ¿, para apurar responsabilidades em relação a uma pane que vem ocorrendo há dias em dois sistemas que controlam o cadastramento e pagamento de segurados e o atendimento aos beneficiários afastados do trabalho por incapacidade.

O problema tem deixado os computadores de diversos postos lentos, atrapalhando o atendimento por parte dos funcionários, e isso levou o ministro a pedir aos aposentados e pensionistas que deixem de ir às agências até hoje (sexta-feira).

Lando disse ontem que dentro de 72 horas a situação estará normalizada. Porém, admitiu que o Ministério da Previdência não sabe até agora os motivos reais do problema, que tem levado agências no Rio Grande do Sul e em São Paulo (Vila Mariana e Santo Amaro) a funcionarem precariamente. A média diária de acessos ao Sistema de Atendimento de Beneficiários por Incapacidade (Sabi) e ao CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais) é de 200 mil e caiu, por exemplo, para 64 mil acessos, no último dia 3.

O que a Dataprev alega

Segundo Amir Lando, até agora a desculpa dada pela direção da Dataprev para o problema é a falta de recursos para investimentos. Sobre esse aspecto, o ministro explicou que depende da liberação de um crédito suplementar pelo Congresso da ordem de R$ 32 milhões, destinado a investimentos na empresa. O ministro da Previdência destacou que a modernização do sistema de dados é condição fundamental para um melhor atendimento dos segurados e a eliminação de fraudes. Entretanto o ministro cobrou "ousadia" por parte da direção da Dataprev.

"Nós temos de migrar para uma plataforma aberta, na qual a cada momento nós teremos condições de incluir mecanismos de gerenciamento, de combate às fraudes e desvios. Está faltando a ousadia de fazermos isso com muita serenidade", disse Lando. Porém, quando perguntado se, nesse caso, a direção da Dataprev deveria ser demitida por estar falhando nessas metas, o ministro foi evasivo. "Demissões não se anunciam. As demissões, se forem o caso, se fazem", disse.

Nos bastidores do ministério alguns assessores explicaram que o ministro há muito tempo vem se queixando da forma como a direção da Dataprev resiste às mudanças que ele deseja fazer, entre elas, a que dá ao próprio Ministério da Previdência maior controle sobre os bancos de dados na hora de combater as fraudes.

Lando chegou a suspeitar da coincidência de as falhas ocorrerem na Dataprev num momento em que uma força-tarefa previdenciária desmantela um esquema de fraude em seis estados. A ação ocorreu na última quarta-feira e dela participaram funcionários do INSS, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. "Parece que essa pane agora, com todo esse processo, faz parte de um processo de escamoteamento, de uma forma de deixar a gente no escuro", acusou o ministro.