Título: Livros pagam menos imposto e ganham fundo para marketing
Autor: Ismael Pfeifer
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/11/2004, Mídia & Marketing, p. A-13

O mercado editorial de livros do País está comemorando efusivamente a decisão do governo, anunciada anteontem à noite, de eliminar o PIS/Cofins para as empresas do segmento - editoras, livrarias e distribuidoras. Segundo cálculos da Câmara Brasileira do Livro, o efeito em cascata dos impostos onerava os custos da produção de livros entre 5% até mais de 9%. Em troca, o setor terá uma taxa fixa de 1% sobre o faturamento que vai gerar um fundo gerenciado por uma comissão paritária (governo e setor empresarial do setor) para uma campanha permanente de marketing e ações de fomento à leitura.

Estima-se que a arrecadação com a taxa vai gerar R$ 20 milhões/ano, o que será destinado a marketing (campanhas publicitárias e promocionais) e formação de professores e motivadores de leitura (profissionais contadores de história, categoria que crescer principalmente para programas em escolas).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, participaram do evento em que a supressão dos impostos para livros de todos os gêneros foi anunciada, no Palácio do Planalto. No ato esteve uma comissão formada por editores, livreiros, distribuidores e autores, da qual faziam parte o presidente da Câmara Brasileira do Livro, Oswaldo Siciliano, o presidente do Sindicato Nacional de Editores e Livreiros, Paulo Rocco, e o presidente da Abrilivros, de livros educativos, João Arinos.

"Consideramos que trata-se de um momento histórico, pelas conquistas alcançadas pelo livro no País. Deve baratear, não só pelos impostos que deixam de incidir sobre o setor, mas porque a política de marketing em favor da leitura vai ampliar as tiragens e reduzir preços pela produção em maior escala", resume Arinos, da Abrilivros.

Marino Lobello, vice-presidente de marketing da Câmara Brasileira do Livro ressalta que o produto livro é muito sensível a campanhas de divulgação no País. "Sabemos, pelas experiências pontuais de livros bem divulgados, que o marketing sempre eleva a venda e a leitura de obras. E isso, agora, poderá ser feita em âmbito geral", avalia animado.

O presidente do Senado, José Sarney, também presente ao evento, se incumbiu pessoalmente de cuidar da tramitação do assunto no Senado, para que a medida entre em vigor o mais rapidamente possível.

"Acredito que o início da desoneração de PIS e Cofins vai se dar a partir de janeiro. E que depois poderemos iniciar o processo de desenvolvimento de comunicação com os ingressos que serão gerados ao fundo", completa Lobello, da CBL, que entende que com a nova política se poderá iniciar a quebra do velho círculo de baixa leitura e cultura no País. "Em dez anos já teremos outro resultado na sociedade", acredita ele.

Também participaram do encontro em Brasília o ministro da Cultura, Gilberto Gil, o ministro da Educação, Tarso Genro, e o coordenador do Plano Nacional do Livro e Leitura, Galeno Amorim.

kicker: R$ 20 milhões por ano devem ser arrecadados para campanhas de motivação à leitura