Título: No Congresso, 30 propostas paradas
Autor: Sarapu, Paula ; Rafael Alves
Fonte: Correio Braziliense, 08/04/2011, Brasil, p. 6

A tragédia na escola Tasso da Silveira, em Realengo (RJ), mobilizou os parlamentares em torno da tramitação de projetos que tratam da segurança, em especial nas escolas públicas. Ao se dizerem chocados com a morte das crianças, os senadores aprovaram voto de pesar e fizeram promessas de trabalhar mais para evitar que casos como esse se repitam.

Na Câmara, a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado nomeou três deputados para acompanhar as investigações e elaborar projetos que fechem brechas na legislação e dificultem a ação de criminosos. Em nenhuma das duas Casas, no entanto, os parlamentares souberam dizer ao certo que tipo de leis poderiam evitar o massacre no Rio.

De concreto, há pelo menos 30 proposições que tratam de violência nas escolas paradas nas comissões permanentes. Ontem, logo depois da tragédia, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), anunciou esforço para desengavetar propostas que tratam de segurança. Segundo ele, a assessoria do colegiado está fazendo um levantamento detalhado sobre as matérias em tramitação para que sejam pautadas.

¿Vamos acelerar essa análise. Acho que a segurança nas escolas deve ser hoje uma preocupação nacional. Não podemos mais aceitar que crianças morram vítimas da violência nas escolas. Temos de pensar em medidas de prevenção¿, disse Oliveira. Para o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), cabe ao governo tomar medidas tanto de prevenção quanto punitivas, que possam coibir tragédias como a de Realengo. ¿O governo tem de reforçar o problema de segurança dentro das escolas e até mesmo incluir dentro da parte educativa um item chamado segurança.¿

Na Câmara, as manifestações sobre o caso partiram principalmente dos fluminenses. Para Stepan Nercessian (PPS-RJ), é hora de discutir o desarmamento. Integrante do grupo nomeado pela Comissão de Segurança Pública para acompanhar os trabalhos de investigação, Nercessian diz que é importante discutir o acesso indiscriminado a munições e armas.

A ideia de Nercessian é apoiada por Sarney, cuja avaliação é de que dificultar a venda de armamentos é um caminho para evitar que assassinos como o que matou às crianças consigam ter acesso as armas. Na opinião de Miro Teixeira (PDT-RJ), o assassinato das crianças abre uma ferida na sociedade, que não consegue compreender ato de tamanha crueldade.

Deu no... O que os principais jornais do mundo noticiaram sobre o ataque no Rio: Tha Guardian O diário britânico manteve a chacina no Realengo como uma das manchetes em seu site durante o dia inteiro. Com um correspondente no local, o Guardian trazia informações detalhadas sobre a tragédia, com uma entrevista com um dos bombeiros que ajudou no socorro das vítimas.

The New York Times O jornal norte-americano destacou a fala emocionada da presidente Dilma Rousseff sobre o ataque. O assunto permaneceu como uma pequena chamada de capa na página na internet.

Clarin.com O diário argentino ressaltou a perplexidade das autoridades brasileiras. O texto comentava a coletiva de imprensa em que o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes se perguntaram de onde o assassino sacou as armas e como ele podia ser tão experiente.

El Pais Na Espanha, o El Pais também falou sobre o discurso de Dilma após a chacina. O diário lembrou que a presidente fez questão de ressaltar o ineditismo do caso, pedindo um minuto de silêncio pelas vítimas do crime.

Corriere Della Sera A publicação italiana deu destaque à emoção da presidente ao falar das crianças assassinadas, contando que Dilma chorou durante a coletiva de imprensa. As declarações da irmã do atirador, Rosilane, sobre a personalidade de Wellington, também foram abordadas pelo jornal.

Le Monde O principal periódico francês manteve o assunto como chamada de sua página para notícias internacionais. O Le Monde descreveu brevemente o assunto, informando que o assassino era ex-aluno da escola.

CNN A rede de televisão dos EUA anunciou na internet o luto oficial de três dias decretado pelo governo brasileiro após o ataque. A reportagem também informava sobre os pedidos que o hemocentro do Rio fez pelo Twitter para doação de sangue.

BBC A emissora britânica destacou a chacina carioca com uma chamada de capa em seu site. Assim como outros veículos, a rede também ressaltou a posição de Dilma após a tragédia, ao relatar que a presidente estava chocada com o crime.

ALJAZEERA A rede de TV árabe lembrou que crimes desse tipo não são comuns no Brasil, remetendo à tragédia de Columbine, que deixou 13 mortos nos Estados Unidos em 1999.