Título: Elétricas melhoram desempenho no semestre com alta do consumo
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/08/2004, Energia, p. A-6

As empresas do setor elétrico, em particular as distribuidoras, apresentaram no primeiro semestre do ano uma melhora no desempenho em comparação com o mesmo período do ano passado. Enquanto Light (RJ) e CPFL (SP) saíram do vermelho, outras empresas como Bandeirante (SP), Coelba (BA), Cemig (MG) e Celesc (SC) registraram um aumento no lucro líquido. A maior distribuidora do País, a Eletropaulo (SP), apesar de registrar prejuízo, teve o resultado considerado bom por analistas. Câmbio e aumento da Cofins - de 3% para 7,6% - prejudicaram os resultados, enquanto o crescimento do consumo ajudou no desempenho e sinaliza a possibilidade de um resultado ainda melhor no segundo semestre.

O fator câmbio, que vinha afetando muito o resultado das empresas do setor, continua sendo um ponto importante, mas já não tem o mesmo peso. Segundo analistas, isso é fruto do esforço das empresas em reduzirem seu endividamento em moeda estrangeira e do uso das operações de hedge para se protegerem da desvalorização cambial, que chegou a 7,56% no semestre. A Eletropaulo, por exemplo, registrou no período um prejuízo de R$ 5,5 milhões, diante de um lucro de R$ 124 milhões no mesmo período do ano passado. O resultado, segundo analistas, poderia ter sido pior.

"O alongamento da dívida de curto prazo, assim como as operações de hedge, protegeram a Eletropaulo e impediram uma queda ainda maior no desempenho", diz Rosângela Ribeiro, do Sudameris. "As empresas no geral têm buscado operações de hedge e isto reduziu em parte os reflexos da alta do dólar nos balanços." Relatório do BBVA Securities também considera confortável a posição da Eletropaulo, do ponto de vista de seu endividamento. Dos R$ 5,6 bilhões em dívidas, apenas 22% são em moeda estrangeira e apenas 5% não estão protegidos por hedge.

Perdas com o câmbio

Resultado ruim por conta do câmbio, segundo os analistas, foi o apurado pela geradora Cesp. A empresa registrou um prejuízo de R$ 479 milhões no semestre, diante de um lucro de R$ 956 milhões em igual período de 2003. "A geradora, diferentemente do que ocorreu com outras empresas do setor, tem a maior parte da dívida atrelada ao dólar, sem hedge, e sofreu mais com a variação cambial", diz Rosângela.

Na Eletrobrás, a valorização do dólar frente ao real contribuiu de forma positiva. A holding tem um expressivo volume de ativos a receber indexados à moeda americana, representados por financiamentos a receber principalmente de Itaipu. O lucro da Eletrobrás no semestre foi de R$ 2,075 bilhões, ante um prejuízo de R$ 1,77 bilhão apurado no mesmo período de 2003.

A recuperação da demanda, verificada principalmente no segundo trimestre do ano, foi outro fator apontado pelos analistas como determinante no resultado geral do setor. A Eletropaulo apurou um aumento das vendas entre abril e junho sobre 2003 de 5,7% na classe residencial e de 6,7% na comercial. Negativo foi a queda de 8,4% no consumo industrial. Na Copel, o crescimento semestral do consumo foi de 1,7%, com destaque para as vendas ao setor comercial, que subiram 5,6%. "O consumo de energia tem mostrado uma evolução e a tendência é de que cresça ainda mais no segundo semestre por conta da retomada da economia", diz Pedro Batista, do Banco Pactual.