Título: Serra critica sistema de saúde municipal e Lula
Autor: Wallace Nunes
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/08/2004, Política, p. A-8

A receptividade da população de São Paulo está empolgando o candidato do PSDB à prefeitura, José Serra. Demonstrando alegria, distribuindo beijos e abraços pelas ruas do bairro Lapa, zona oeste da cidade, o tucano disse não ter dúvidas de que será o vencedor destas eleições. "Vocês estão vendo quanto carinho?, perguntou Serra aos jornalistas presentes. O ex-ministro da Saúde cansou de ouvir dos moradores reclamações sobre as deficiências no sistema de saúde municipal e o abandono dos idosos pela atual administração.

Ele aproveitou e criticou, novamente, a situação da saúde municipal e a distribuição de remédios na cidade. "O problema não é de preço, de custo. O problema é que deixou de ser prioritária. No momento em que a saúde deixou de ser prioritária na cidade de São Paulo, os problemas foram se acumulando." Em relação aos camelôs, o candidato voltou a defender a criação de "popcenters" e de incentivos fiscais para que os ambulantes se interessem em trabalhar neles.

Acompanhado pelo governador Geraldo Alckmin no mercado municipal da Lapa, Serra fez críticas à medida provisória assinada na noite de segunda-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que dá status de ministro ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. "O presidente Lula que deliberou sobre a nomeação. É muito estranho ter um ministro cuja aprovação tem de ser do Senado. Temos uma situação esquisita: um ministro cuja situação depende do Senado Federal. Isso é absolutamente estranho do ponto de vista do funcionamento da República porque o nome do presidente do Banco Central é aprovado pelo Senado", disse Serra.

Tentando se esquivar do fato, Alckmin disse que a medida é "assunto do governo federal, cabe ao governo explicar", disse. "No entanto, é inadmissível que isso seja feito em decorrência de denúncias. Aí não é concebível que isso seja feito." Com a edição da MP, Meirelles, acusado de sonegação fiscal, só poderá ser processado e julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A medida precisa ser aprovada pelo Congresso.

Horário político

No primeiro programa do horário eleitoral gratuito, ocorrido ontem, os principais partidos políticos recorreram à imagem dos caciques do cenário federal para pedir votos aos candidatos a vereador em São Paulo. O senador Eduardo Suplicy (PT) foi o primeiro a aparecer na propaganda. Ele pediu para seus eleitores paulistanos votarem nos candidatos do PT. Também elogiou a administração de Marta Suplicy, candidata à reeleição, e disse que "é preciso eleger vereadores comprometidos com os projetos".

O PL, que apóia Marta em São Paulo, explorou a imagem do vice-presidente José Alencar. A coligação é formada ainda por PTB, PSL, PTN, PRTB e PCdoB e tem 316 candidatos a vaga na Câmara Municipal.

A coligação Ética e Trabalho (PSDB, PFL e PPS), que apóia José Serra, tem 216 candidatos O PPS recorreu ao presidente do partido, deputado Roberto Freire (PE). O PFL fez o mesmo com o vice-governador paulista Cláudio Lembo,

A coligação Compromisso com São Paulo, que reúne o PSB, PMDB e PMN, da candidata Luiza Erundina, terá 167 postulantes a vereador. O principal cabo eleitoral da coligação será o presidente do diretório regional do PMDB, Orestes Quércia, que recentemente assumiu o comando de comunicação da candidata socialista para impulsioná-la nas pesquisas.

Muitos candidatos a vereador do PSB estão contestando a coligação toda orquestrada pelo ex-governador de São Paulo.