Título: Sistema financeiro não pode ditar as regras...
Autor: Otto Filgueiras e Dimalice Nunes
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/08/2004, Primeira Página, p. A-1

Segundo a assessoria de Claúdio Vaz, os 278 votos da Distrital da Zona Sul da Fiesp já tinha sidos apurados na zonal e ele recebeu 138 votos, contra 135 para Paulo Skaf. Com base nisso, Claudio Vaz disse que ele é o vencedor da eleição do Ciesp com 2.235 votos, contra 1.816 para o industrial Paulo Skaf.

No programa de campanha, Paulo Skaf deixou claro que a Fiesp deve desempenhar um papel de liderança no setor industrial e a parceria das indústrias com outros segmentos econômicos, como agricultura, comércio, instituições e trabalhadores. Skaf também acredita que cabe à Fiesp tratar não somente os problemas macroeconômicos, mas também os microeconômicos. No caso das microempresas, ele defende o incentivo ao crédito e a criação de condições favoráveis para que elas não morram no primeiro ano de vida.

Paulo Skaf disse que sua candidatura "foi espontânea e natural, vinda das bases, por reconhecimento de seu trabalho à frente da Abit". Em 1998, ele participou da campanha do atual presidente da Fiesp e do Ciesp, Horacio Lafer Piva, quando foi eleito seu vice. Skaf teve o apoio declarado de Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas e filho do vice-presidente da República, José de Alencar, foi apoiado pelo presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, pelo presidente da Nestlé, Ivan Zurita, pelo presidente da Duratex, Paulo Setúbal e pelo vice-governador de São Paulo, Claudio Lembo.

O presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, que foi eleito primeiro vice-presidente na chapa de Paulo Skaf, disse que está otimista de que tanto a Fiesp como o Ciesp poderão trabalhar juntos. Para ele, o Brasil tem condições de dar continuidade ao crescimento e de forma sustentada, porque, segundo ele, "caso contrário, o mercado enfraquece e a inflação e juros podem voltar". Segundo ele, "a Fiesp tem obrigação de sentar à mesa com o governo para discutir os desafios para levar o País ao desenvolvimento sustentado, com geração de emprego".

Claudio Vaz esperava mais votos

O empresário Cláudio Vaz esperava um resultado bem melhor do que o obtido na eleição para presidência da Fiesp. Ele entendia que existia a possibilidade de haver pelo menos 57 votos certos. O candidato, que teve 52 votos, acreditava que poderia ter uma definição diferente. "Eu sempre disse que seria uma eleição, para mim, disputada. Tive 52 votos, mas achava que poderia conseguir outros num último momento", disse. Para ele, "a decisão foi absolutamente democrática e disse desejar o melhor ao novo presidente da Fiesp, Paulo Skaf. Claudio Vaz disse que vai assumir a presidência do Ciesp e descartou que haja uma tendência de divisão entre as duas entidades.

"O eleitor é soberano nesse processo. Eu respeito absolutamente, foi uma campanha correta. Mas tirando um incidente de última hora, lamentável, ocorreu tudo bem. E minha relação com o Paulo é uma relação bem estabelecida. Ele será o presidente da Fiesp e eu do Ciesp", disse. Com uma diferença de 18 votos para a eleição da Fiesp, Paulo Skaf cumpriu o que vinha dizendo durante a campanha, de que tinha de 70 sindicatos a seu favor.

Se dependesse do barulho logo no início da votação para a eleição à presidência da Fiesp, o dia prometia ser tão tumultuado como eleições de várias cidades. Mas não foi. De qualquer forma, a calçada em frente à sede da Fiesp, na Avenida Paulista, estava tomada por pessoas fazendo campanha para Claudio Vaz e Paulo Skaf. Vaz, candidato da situação, parecia estar mais preocupado em fazer campanha: um enorme trio elétrico tocando jingles ininterruptamente reforçava o nome do candidato. A turma de Paulo Skaf carregava pequenas bandeiras do candidato que dizia ter certeza da vitória para a Fiesp e o Ciesp.

Tradição na indústria

Descendentes de imigrantes libaneses, Paulo Skaf tem 49 anos, é casado, pai de cinco filhos e industrial do setor têxtil. Ele membro do Conselho da indústrias têxtil Paramount Lansul, ocupa o cargo de vice-presidente na atual diretoria da Fiesp, é integrante do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Cedes), vinculado á Presidência da República.

Paulo Skaf também faz parte do Conselho Estadual de Relações Internacionais e Comerciais (Cericex) do Governo do Estado de São Paulo. O empresário é também presidente do Associação das Indústrias Têxteis do Mercosul (Mercotêxtil), membro do Conselho Sul-americano Têxtil e do Conselho de Administração da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) fazer parte do Conselho Deliberativo da Associação de Apoio às Políticas de Segurança Alimentar. Na campanha presidencial de 2002, Paulo Skaf apoiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participou do programa Fome Zero e é um dos idealizadores do Programa Carência Zero. Coabitação nas principais entidades da indústria, com Skaf na Fiesp e Vaz no Ciesp