Título: Captação de recursos cresce 33,5%
Autor: Lucia Rebouças
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/11/2004, Finanças, p. B-2

O produto VGBL já responde por 53% do total; setor procura afinar a comunicação. A previdência complementar aberta - planos de pensão comercializados pelas seguradoras e empresas de previdência - apresenta bons resultados este ano, mas o setor ainda tem um grande desafio pela frente para que o ritmo de novas vendas continue crescente: a comunicação. Seu público potencial ainda é vasto, mas uma grande fatia dele conhece pouco e até desconhece totalmente os dois principais produtos da previdência aberta - os planos de pensão VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livre) e PGBL ( Plano Gerador de Benefícios Livre).

Só para dar um exemplo: na semana passada, um grupo de jovens (na faixa do 30 anos) se divertia vendo a propaganda de um grande banco, em que um ator famoso enrola a língua ao pronunciar as siglas VGBL e PGBL. De repente, um deles perguntou: será que isso existe? Nenhum deles sabia responder e acabaram por concluir que era tudo (VGBL, PGBL) brincadeira do banco para fixar sua marca. Como esse, são muitos os exemplo já ouvidos - sobretudo da boca de jovens profissionais autonômos que relutam em pagar o INSS, mas acham que não têm outra alternativa nesse sentido.

Apesar dessa realidade, muito foi feito até agora pelas seguradoras e pela Anapp, a associação que reúne as empresas do setor, para divulgar os produtos. Osvaldo do Nascimento, presidente da Anapp, afirma que o trabalho nesse sentido tem sido intenso e vai continuar assim. Ele ressalta, porém, que até agora o resultado mostra sucesso. "Hoje 6,5 milhões de pessoas têm planos de previdência e as aplicações cresceram mais do que de qualquer outra aplicação financeira", afirma.

Este ano, até setembro, a captação de recursos dos planos de previdência cresceu 33,54%, somando R$ 13,2 bilhões, considerando os R$ 9,8 bilhões de igual período do ano passado. Os números, porém, incluem as contribuições feitas a todos os planos comercializados até a data do levantamento e não apenas a novas vendas.

Segundo balanço divulgado pela Anapp, o crescimento do mercado pode ser atribuído em grande às vendas do VGBL, que já compõem 53% do volume de captação. Houve um aumento de 70,61% na receita do produto, que atingiu o patamar de R$ 7,04 bilhões em novas contribuições até setembro deste ano, na comparação com o acumulado até setembro de 2003.

Nascimento afirma que o sucesso do VGBL está diretamente ligado à realidade sócio-econômica do brasileiro. A maioria das pessoas não faz declaração de renda completa e precisava de um incentivo para fazer poupança de longo prazo que não fosse o abatimento de imposto de renda. O VGBL deu isso ao tributar apenas o ganho e não o total acumulado pela pessoa durante a aplicação, diz Nascimento.

Nos primeiros nove meses, a receita dos PGBLs - que permite dedução de até 12% do imposto de renda a pagar - cresceu 11,68%, acumulando R$ 3,43 bilhões.

Por tipo de plano, os dados da Anapp mostram que, até setembro deste ano, os planos individuais mantiveram-se líderes em receita, com crescimento de 35% em relação ao acumulado até setembro do ano passado. As novas contribuições passaram de R$ 7,52 bilhões para os atuais R$ 10,12 bilhões.

Apesar de representar um menor volume de contribuição, os planos destinados a menores de idade cresceram 53% no mesmo período, passando de R$ 306,13 milhões para R$ 466,85 milhões. Por sua vez, os planos empresariais tiveram alta de 27% no período e atualmente somam R$ 2,56 bilhões, contra R$ 2 bilhões registrados até setembro de 2003.

Reservas técnicas

Em comparação com setembro de 2003, o levantamento da Anapp mostra que o total de reservas ou provisões técnicas (que constituem os recursos dos participantes dos fundos) cresceu 42,06% em setembro deste ano, atingindo a marca de R$ 56,4 bilhões. No mesmo período do ano passado, o volume era de R$ 39,7 bilhões.

Já a carteira de investimentos - que inclui as reservas técnicas, as reservas livres, o capital de seguradoras e outros valores - complementar cresceu 40,82% no acumulado até setembro de 2004 em relação ao mesmo período de 2003. Com isso, a carteira do setor acumulou R$ 61,06 bilhões.

Segundo a Anapp, a carteira de investimentos em previdência ficou dividida na seguinte forma: planos tradicionais, R$ 29,85 bilhões; PGBL, R$ 15,21 bilhões; VGBL, R$ 15,54 bilhões; e FAPI, R$ 447,25 milhões.

Os três primeiros

A Bradesco Vida e Previdência lidera o ranking de captação de receita no período analisado, com um volume de R$ 4,6 bilhões, seguida pela Itaú Vida e Previdência, com um volume de novos recursos de R$ 2,2 bilhões. Na terceira posição vem a BrasilPrev, com R$ 1,54 bilhão em receita arrecadada no período.