Título: Manutenção para produzir mais
Autor: Gerardo Bovone
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/08/2004, Opinião, p. A-3

Diversos setores estão no limite de sua capacidade instalada. As empresas brasileiras investem cerca de 5% do faturamento bruto em atividades de manutenção. Parece muito? Não é: a importância da manutenção cresce na medida em que a indústria enfrenta problemas de capacidade e precisa decidir como aumentar sua produção. É exatamente esse o momento que o Brasil vive hoje. Com a disparada das exportações e os primeiros sinais de recuperação no mercado doméstico, diversos setores brasileiros encontram-se em ritmo acelerado, trabalhando no limite de sua capacidade instalada. Para alguns, isso significa desengavetar planos de expansão. Para outros, sem recursos ou ainda indecisos em investir, é o momento de tirar o máximo do equipamento existente e aproveitar a onda. Nos dois casos, a manutenção é essencial. Para quem compra novas máquinas, o serviço de manutenção colabora para que o novo equipamento entre em operação com a produtividade que o empresário espera. Para quem vai manter seu parque atual, a manutenção é fundamental para evitar paradas inesperadas e manter a produção com qualidade e eficiência por mais tempo. Feita de forma programada - e preventiva -, a manutenção é também bem menos custosa do que a ação corretiva exigida por equipamento quebrado (sem contar a perda de produção). As indústrias que antes do aumento da demanda já trabalhavam com equipes especializadas de manutenção, enxergando-as como ferramenta para obter o máximo de eficiência com o menor custo, certamente contam hoje com uma importante vantagem competitiva em relação aos concorrentes. Já as empresas que não souberam, ou não puderam, equacionar custos fixos de manutenção em sua atividade produtiva irão encontrar dificuldades diante do cenário de produção crescente. A manutenção profissional não se resume mais a uma avaliação periódica das máquinas - e à ação corretiva em caso de avaria. Na verdade, trata-se de um trabalho diário, planejado, a cargo de profissionais especializados, cuja missão é oferecer aos administradores da empresa um parque fabril operante o maior tempo possível, cujas máquinas funcionem de forma eficiente. A manutenção é, assim, importante ferramenta para o aumento de competitividade das empresas. Essa atividade avançou muito nos últimos anos e vem ganhando novos horizontes de ação, novos parâmetros de prestação e novas formas de parceria. Para atingir suas totais potencialidades, a manutenção industrial deve ser encarada em sua forma mais ampla. Por isso, gostamos de chamá-la de "gestão integrada de ativos", e com ela visamos a maximização da produtividade aliada à adequada conservação do patrimônio. Ao lado da utilização otimizada dos equipamentos industriais, ela se tornou parceira da produção na busca de soluções para a redução de gastos com energia elétrica, menor desperdício de matéria-prima, etc. A indústria nacional, que se vê hoje diante da oportunidade do crescimento, deve adotar um projeto de manutenção moderno porque com isso as empresas terão melhores condições para responder às demandas do mercado. É uma atitude aconselhável para quem pretende iniciar novas linhas produtivas com o máximo aproveitamento ou para aqueles que precisam operar acima de sua capacidade instalada enquanto esperam por um melhor momento para investir. Há os que ainda encaram a manutenção como algo posterior à produção. Algo a que se recorre quando alguma coisa deu errado. No entanto, a manutenção não é mais coadjuvante da operação produtiva - é também protagonista.