Título: Presidente vietnamita se reúne hoje com Alckmin
Autor: Gisele Teixeira
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/11/2004, Nacional, p. A-5

Com população de 82 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) equivalente a US$ 45 bilhões, o Vietnã começa a se destacar como um país emergente no Sudeste Asiático, com boas perspectivas de negócios para o Brasil, principalmente na área de serviços de engenharia, e nas indústrias voltadas para a exportação. "O Vietnã é a segunda economia que mais cresce na Ásia, em torno de 7% ao ano, atrás apenas da China", disse o diretor do Departamento de Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Mario Vilalva.

Empresários dos dois países sabem disso e vão aproveitar a visita ao Brasil do presidente vietnamita, Tran Duc Luong, para promover um encontro de negócios, hoje em São Paulo. Luong terá audiência com o governador Geraldo Alckmin e amanhã será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto.

A comitiva é formada por executivos das principais corporações do Vietnã dos setores de construção civil, petróleo, fármacos, equipamentos de telecomunicações e têxteis, entre outros. "Por enquanto, o nosso comércio ainda é modesto, mas há inúmeras possibilidades", disse Vilalva. De janeiro a setembro deste ano, o intercâmbio foi de apenas US$ 53,3 milhões. Arroz, calçados esportivos e borracha natural são os principais produtos importados pelo Brasil. Já o Vietnã importa madeiras cortadas em folhas, chassis com motor para automóveis, algodão, couros e peles bovinos.

O embaixador destaca que a Embraer está entre as empresas nacionais com maiores chances de entrar no Vietnã no curto prazo. "Com pouco mais de 30 aviões, a Vietnã Airlines está se modernizando e quer chegar a uma frota de 80 aviões", disse. O presidente Tran Duc Luong deve visitar a empresa esta semana. Vilalva destaca também o potencial dos setores de carnes e elétrico. "O Vietnã está construindo uma hidrelétrica de dois mil megawatts e há duas empresas brasileiras, associadas às Eletrobrás, que estão conversando com o governo", disse.

Segundo o Itamaraty, o principal destaque no setor de energia é o etanol, em função de o governo ter decidido incluir o combustível em sua matriz energética. "A idéia é negociarmos num futuro próximo um acordo de cooperação técnica, semelhante ao que se pensa a fazer com a China, de modo que o Brasil possa transferir know-how para o Vietnã, tanto de produção quanto de plantas e até mesmo de motores."

Vilalva credita parte da aproximação do Brasil com o Vietnã ao ministro da Articulação Política, Aldo Rabelo, que no ano passado, quando exercia o cargo de líder do governo na Câmara, chefiou uma missão empresarial ao país asiático. O diretor do Departamento da Ásia e Oceania do Itamaraty, embaixador Edmundo Fujita, disse que a visita do presidente Tran Duc Luong deve estreitar ainda mais estes laços. "Japão, China, Estados Unidos e Europa estão investindo maciçamente na região e acho que temos uma boa abertura para intensificar nosso relacionamento com o país", disse.