Título: Descoberta de mais reservas leva euforia ao Espírito Santo
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/11/2004, Energia, p. A-9

Estado já explora petróleo em terra e aposta nas águas profundas. A expectativa em torno da possibilidade de descoberta de novas áreas para a exploração de petróleo no litoral do Estado do Espírito Santo desencadeou uma fase de otimismo entre os empresários da região. De cursos universitários a empreendimentos imobiliários, Vitória e cidades vizinhas já movimentam as cifras da promessa do de novas reservas de gás e óleo.

O impulso à atividade ganhou força em meados de 2003, com o início das operações do Campo de Jubarte, em águas profundas da Bacia de Campos . Até então, o estado mantinha produção da commodity apenas em terra. "A exploração em mar era um sonho. Hoje já é uma realidade e queremos estar preparados para ela", comenta o secretário de Desenvolvimento do Espírito Santo, Júlio Bueno.

A exemplo de Jubarte, existe grande expectativa em torno de outros campos de águas profundas, como Cachalote e Baleia Franca, que tiveram sua comercialidade anunciada pela Petrobras, mas ainda não estão em produção.

Para orientar o empresariado e criar uma massa de trabalhadores especializados, o governo do estado realizou durante o mês de novembro uma rodada de eventos ligados ao assunto, intitulado "Espírito Santo do Petróleo". O objetivo da secretaria de desenvolvimento local é evitar que o estado seja obrigado a trazer de fora profissionais, principalmente de nível técnico. "Queremos, também fomentar o setor de prestação de serviços", acrescenta Bueno.

De acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), o estado do Espírito Santo detém reservas provadas da ordem de 115 milhões de barris de petróleo e 2,2 bilhões de metros cúbicos de gás. Em mar, as reservas provadas de petróleo são de 609 milhões de barris e as de gás alcançam 15 bilhões de metros cúbicos.

Apesar de ainda ser cedo para quantificar investimentos e geração de empregos, o Espírito Santo, ao lado do Rio de Janeiro e de São Paulo, deverá ser o local que vai absorver a maior parte dos cerca de US$ 80 bilhões e 185 mil postos de trabalho que deverão ser gerados no país com a atividade de petróleo até 2010. A estimativa foi feita pelo coordenador do Núcleo de Desenvolvimento da ANP, Raimar Bylardt.

O coordenador explica que os números foram calculados com base na exploração de petróleo Canadá, que se assemelha muito à realizada no Brasil: o óleo é pesado e as distâncias territoriais grandes. Bylardt conta que o estado do Espírito Sano tem sido um uma das regiões com maior crescimento na demanda por bolsas de estudo junto à ANP. Para ele, o estado deveria dar ênfase a cursos técnicos, já que profissionais de nível superior costumam acompanhar o deslocamento de projetos.

"É preciso lembrar que o mar do Espírito Santo reúne duas características que exigem maior prazo e gastos para a exploração do petróleo: as reservas estão situado em águas muito profundas_ com cerca de 1.200 metros de lâmina d''água_ e são de um óleo extremamente pesado. Em nenhum outro lugar do país, encontramos fatores como estas. No litoral do Rio, por exemplo, o óleo mais pesado encontra-se em águas mais rasas", comenta o Wagner Trindade, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento de Produção do Centro de Pesquisas da Petrobras.