Título: Lucro da Petrobras é de R$ 5,5 bilhões
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/11/2004, Energia, p. A-6

O lucro da Petrobras no terceiro trimestre do ano, de R$ 5,488 bilhões, foi 43% superior ao do trimestre anterior, mas, apenas, 2% maior que o resultado do mesmo período de 2003. Ainda assim, trata-se do segundo maior da história da companhia, ficando atrás, somente, dos R$ 5,54 bilhões obtidos no primeiro trimestre de 2003. Os números divulgados na última sexta-feira estavam alinhados com as projeções dos analistas de mercado e provocaram uma alta nas ações de 0,25% nas ações preferenciais da estatal. De janeiro a setembro, o lucro caiu 10% ante os nove primeiros meses de 2003, somando R$ 13,295 bilhões.

Os impactos positivos foram o aumento do consumo interno de 7% na comparação com o mesmo período do ano passado, passando de 1,831 milhão de barris para 1,960 milhão de barris, e de 6% na comparação com o trimestre anterior. Além disso, a valorização do real reduziu o custo da dívida em dólar, gerando ganho de R$ 805 milhões no período. No trimestre anterior, a variação cambial provocou perda de R$ 917 milhões

"Houve um claro crescimento da demanda interna e os preços internacionais contribuíram para o resultado da área de Exploração e Produção, que aumentou seu lucro 77%, saindo de R$ 3,230 bilhões no terceiro trimestre de 2003 para R$ 5,728 bilhões no terceiro trimestre deste ano", disse o diretor Financeiro e de Relações com o Investidor, José Sérgio Gabrielli.

Os efeitos negativos sobre o resultado foram a queda de 2% na produção entre julho e setembro deste ano em relação ao terceiro trimestre de 2003, saindo de 1,727 milhão de barris para 1,692 milhão em 2004. Essa redução levou a um aumento das importações no momento de alta da cotação internacional do petróleo. As compras externas subiram 29%, de 576 mil barris diários para 742 mil.

Em comparação ao trimestre anterior, houve um aumento de 4% na produção, em função da entrada em operação de quatro poços no Campo de Marlim Sul e de um poço no Campo do Bicudo. A produção de óleo e LGN no País atingiu a média de 1,692 milhão de barris/dia, dos quais 80% vêm da bacia de Campos.

O crescimento da produção externa neutralizou a queda interna, que encerrou o terceiro trimestre do ano estável em relação ao mesmo período do ano passado, com 2,06 milhões de barris por dia de óleo equivalente. Nos nove primeiros meses de 2004, a produção total recuou um por cento para 2,02 milhões de bpd.

Outro destaque negativo foi a redução de 82% no lucro da área de abastecimento, que passou de R$ 1,526 bilhão no terceiro trimestre de 2003 para R$ 273 milhões no período de julho a setembro deste ano. No acumulado do ano, o lucro caiu 60% em relação a 2003, passando de R$ 4,252 bilhões para R$ 1,715 bilhões. A queda, conforme Gabrielli, foi resultado da diferença entre os preços internacionais e os do mercado interno.

"A área de abastecimento não conseguiu repassar a alta para o mercado doméstico e isso se refletiu na redução da sua margem. Mas tal comportamento também ocorreu com as empresas nos Estados Unidos", disse Gabrielli. Segundo ele, a queda na margem da venda de derivados foi compensada pelo aumento da margem em Exploração e Produção, uma vez que o setor repassou o aumento da cotação externa do petróleo para as outras áreas da própria companhia. "Esse movimento mostra a dinâmica interna da Petrobras".

"Não achamos adequado do ponto de vista econômico transferir para o mercado brasileiro a volatilidade internacional, porque são mercados diferentes. Vendemos 85% da nossa produção no mercado brasileiro e nos interessa a manutenção da saúde desse mercado. Não é razoável transferir diversas variáveis para um mercado único", disse o diretor financeiro, acrescentando: "Como os preços estão caindo agora, as pressões são outras."

Indagado sobre a conclusão dos estudos sobre o comportamento de preços, citado pelo diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, na semana passada, Gabrielli respondeu que se trata de uma rotina na Petrobras analisar a evolução da cotação do barril de petróleo e afirmou que não há previsão de reajuste imediato de preço dos combustíveis.

Apesar da queda de cerca de 15% na cotação do barril de petróleo no mercado internacional nos últimos dias, há um relativo consenso entre especialistas de mercado sobre a necessidade de um novo reajuste de preços para os combustíveis proximamente.

kicker: "Não é certo transferir parao mercado brasileiro a volatilidade internacional"