Título: Investimento estrangeiro supera previsão
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Fonte: Gazeta Mercantil, 26/08/2004, Nacional, p. A-4

O Brasil recebeu US$ 1,6 bilhão em investimento estrangeiro direto (IED) no mês passado, superando as expectativas do Banco Central (BC), que eram de US$ 1,2 bilhão. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC (Depec), Altamir Lopes, este é o melhor resultado desde novembro do ano passado, que havia sido de US$ 1,95 bilhão, e o mais alto para meses de julho desde 2001, mês que mantém o recorde com US$ 2,49 bilhões. A maior operação em julho envolveu US$ 350 milhões destinados ao setor de energia elétrica.

Lopes explicou que este número está em linha com a projeção do BC de receber US$ 12 bilhões em investimentos estrangeiros este ano. No próximo mês, o BC fará uma revisão dos números das contas externas. A tendência é de que seja mantida a previsão de investimentos estrangeiros para 2004.

Fim da volatilidade externa

Segundo Lopes, a recuperação dos investimentos estrangeiros no segundo semestre já era esperada porque com o fim da volatilidade externa - provocada por incertezas com relação aos juros norte-americanos e mudanças de portfólio de investimentos das empresas. "Passada a volatilidade, as empresas estão voltando a investir. Imaginamos valores razoáveis para o segundo semestre", afirmou o chefe do Departamento Econômico.

Ele adiantou que, desde o início de agosto, até ontem, o País recebeu US$ 550 milhões em investimentos estrangeiros diretos. A partir desse resultado, a perspectiva é de que o País feche este mês com ingressos de US$ 700 milhões.

Lopes afirmou ainda que as taxas de rolagem de dívida de médio e longo prazo das empresas continuam abaixo de 100%. A taxa de rolagem total atingiu 26% em julho - 30% para bônus e notes e 16% para empréstimos. Até o dia 24 de agosto, a taxa de rolagem total havia alcançado 46%. O chefe do Depec explicou que a demanda por crédito para pagar empréstimos externos tem sido baixa, diferente do que ocorreu no ano passado quando havia problema de oferta.

"As empresas estão capitalizadas, principalmente, aquelas que têm negócios no exterior. Ou estão com melhores condições de financiamento no mercado doméstico", disse Altamir Lopes.

Sobre as operações CC-5 (conta de não-residentes), no acumulado de agosto (até o dia 23), foram remetidos US$ 1,12 bilhão para fora do País. Lopes afirmou que este movimento não é generalizado e está concentrado em poucas operações para honrar compromissos (investimento, empréstimo ou colocar recursos para disponibilidade externa). No acumulado de janeiro a julho, US$ 1,54 bilhão deixaram o País via operações CC-5. Foi o melhor mês de julho desde 2001 e o nível mensal mais alto desde novembro do ano passado