Título: Colin Powell deixa o governo Bush
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/11/2004, Internacional, p. A-13

O secretário de Estado encabeça um grupo de seis afastados no início do segundo mandato. O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, demitiu-se do cargo, assim como cinco outros membros do gabinete do presidente George W. Bush, que deixam seus postos no momento em que o segundo mandato de Bush irá principiar. Spencer Abraham, secretário da Energia, Ann Veneman , secretária da Agricultura, e Rod Paige, secretário da Educação, também se demitiram. Todas as autoridades do gabinete permanecerão em seus cargos até a confirmação de seus sucessores pelo Senado, segundo informou o porta-voz da presidência, Scott McClellan,

Powell é a autoridade de nível mais alto a deixar o governo, desde que Bush foi reeleito em 2 de novembro. O secretário da Justiça, John Ashcroft, e o do Comércio , Donald Evans, anunciaram suas demissões na semana passada.

Cargos efêmeros

"Não está havendo nenhum expurgo", disse Norm Ornstein, do American Enterprise Institute. "Estamos no período de transição, e esses são cargos ocupados apenas por um certo tempo."

"Em seu segundo mandato, os presidentes têm oportunidade de pensar com maior liberdade, porque não estão preocupados mais com reeleição", disse Loren Thomp-son, do Lexington Institute, centro de pesquisas em Washington, em entrevista antes da vitória de George W. Bush sobre o senador democrata John Kerry.

Desde a Segunda Guerra Mundial, o número de autoridades que deixaram seus cargos de gabinete perto de um segundo termo presidencial variam de três no governo de Dwight Eisenhower, a oito, no de Richard Nixon, e sete no governo de Ronald Reagan, informou Charles O. Jones, da Brookings Institution em Washington.

Powell disse a Bush em carta de 12 de novembro, que irá retornar à vida privada. "Como conversamos em meses recentes, creio que agora que as eleições terminaram, chegou para mim o momento de sair de cena."

Controle de armas

Powell disse em fevereiro de 2001 que o controle de armas feito pela Organização das Nações Unidas funcionava no Iraque, e que o então líder do país, Saddam Hussein, "não desenvolveu nenhuma capacidade significativa com respeito às armas de destruição em massa", segundo transcrição do Departamento de Estado.

Argumentos fracos

Dois anos mais tarde, Powell argumentou, em relação aos Estados Unidos confrontarem Hussein, que o ditador iraquiano possuía armas de destruição em massa. Essas armas até agora não foram encontradas.

Powell sempre foi muito leal ao governo Bush e nunca o criticou publicamente, embora tenha se sentido frustrado ao ser excluído do plano de guerra contra o Iraque, escreveu Bob Woodward em seu livro "Plan of Attack" (Plano de Ataque), que trata do período antes da guerra contra o Iraque, com base em entrevistas com autoridades anônimas do governo Bush.

Embora o apoio popular tenha esmorecido para Powell, o secretário sempre foi considerado o membro mais leal do governo Bush. Uma pesquisa da Harris feita em setembro com 1.018 norte-americanos adultos, demonstrou que 63% aprovavam o desempenho do secretário de Estado. Isso correspondeu a 20 pontos a mais que os concedidos para o próprio presidente Bush e outros líderes republicanos.

"A saída do secretário Powell é uma grande perda para as vozes moderadas e internacionalistas do governo Bush", disse o governador democrata do Novo México, Bill Richardson, que foi embaixador dos EUA na ONU sob o governo de Bill Clinton.

Substituta provável

A conselheira de segurança nacional dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, é a mais forte candidata para substituir Colin Powell, disseram fontes do Partido Republicano. Rice, uma das mais próximas confidentes do presidente George W. Bush, é conselheira de segurança nacional dos Estados Unidos desde que Bush tomou posse do cargo, em janeiro de 2001. Antes disso, ela era reitora da Universidade de Stanford. Fontes republicanas a par do assunto disseram que Condoleezza Rice é a sucessora provável de Powell, cuja renúncia foi divulgada nesta segunda-feira. No entanto, o substituto do secretário não deve ser anunciado imediatamente.