Título: Empresários observam o mercado com cautela
Autor: Amundsen Limeira
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/11/2004, Comércio & Serviços, p. A-16

A geração de empregos no comércio é diretamente proporcional à entrada de novos investimentos públicos e privados na economia. "Se isso realmente acontecer, como é esperado, a expectativa do setor é criar cerca de 50 mil novos empregos diretos, no ano que vem", observa Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP).

Szajman participou sexta-feira, no Rio de Janeiro, da solenidade de encerramento do VII Congresso do Sicomércio, promovido pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) no Sofitel Hotel. Segundo o empresário, o setor fechará 2004 com um crescimento da ordem de 6% em relação ao exercício passado. Para 2005, ele prefere acreditar que as vendas do comércio deverão se manter no mesmo patamar "ou próximo disso".

Menos otimista, Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, vice-presidente da entidade paulista, expõe uma preocupação comum à maioria dos participantes do congresso promovido pela CNC. Ele confirma a expectativa de aumento de 6% nas vendas neste ano, mas não acredita na continuidade desse crescimento: "Com essa política de soluços, a expansão não deve se sustentar no ano que vem".

Para Rodrigues, as vendas do comércio foram puxadas pela expansão do crédito e não pela melhoria da renda do consumidor.

Um crescimento além do patamar atual exigiria investimentos por parte da indústria. "Quem é que vai investir na produção com essa taxa de juros ao nível em que está, atualmente?", pergunta-se o dirigente da Fecomercio-SP.

Diante desse quadro, ele recomenda cautela. O comerciante, acrescenta, deve procurar se resguardar e buscar novos nichos de mercado, evitando endividamento e formação de estoques elevados. "Teremos que administrar bem o dia-a-dia, sem extrapolar a nossa capacidade financeira". De acordo com Rodrigues, essa política de acautelamento acabará se refletindo no freio à geração de novos empregos no setor.

Marco

O congresso CNC inaugura uma nova fase da entidade dentro do cenário nacional. "É um marco histórico para o setor. Além de tratar das relações entre capital e trabalho, passamos agora a ter uma atuação política efetiva na vida política do País", comemorou Flávio Roberto Sabbadini, vice-presidente da CNC, no pronunciamento que fez durante a cerimônia de encerramento do congresso.

Aberto no último dia 8, o evento teve a participação de representantes de 860 sindicatos filiados à CNC, das sete federações nacionais e das 27 federações estaduais. Para Sabbadini, que também responde pela coordenação da questão sindical na instituição, o congresso teve o papel de ampliar o espaço da CNC para além dos seus próprios muros. "Somos agora agentes políticos ocupando um espaço na defesa do interesse coletivo empresarial".

Fernando Rossi, presidente da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomercio-MG), por sua vez, disse que a realização do congresso foi inestimável para a união do setor: "Serviu para aparar as arestas que haviam no nosso modo de entender a questão da gestão sindical".

Além de discutir a reforma sindical do governo, Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, vice-presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), lembrou que o evento foi importante por focar também a reforma interna do sistema CNC.

O evento marcou principalmente o lançamento do Plano Estratégico do Sistema CNC para o período 2004/2010. A previsão é que o trabalho estará concluído até o fim de março do ano que vem.