Título: Caixa tem lucro de R$ 236 milhões
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Fonte: Gazeta Mercantil, 16/11/2004, Finanças, p. B-2

O seguro popular foi o assunto que dominou a atenção das seguradoras em 2004. "Para nós da Caixa isso foi muito bom, pois estamos falando do nosso maior público e da nossa especialidade", disse Thierry Clandon, presidente da Caixa Seguros, que engloba seguros, previdência, capitalização e consórcio. A Caixa tem em carteira mais de 530 mil apólices do seguro de vida com custo de R$ 6,50 para uma cobertura de R$ 15 mil; 160 mil contratos do residencial, com prêmio anual de R$ 48 para casas de R$ 15 mil; e 2,8 milhões de títulos de capitalização.

O reflexo positivo na Caixa pode ser observado no lucro líquido consolidado, de R$ 236 milhões até setembro deste ano, alta de 13% em comparação com setembro do ano passado. O faturamento das empresas do grupo chegou a R$ 1,96 bilhão no acumulado deste ano até setembro, alta de 10,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Previdência foi o grande destaque, passando a ser a maior empresa do grupo Caixa Seguros em junho. Até setembro, os planos de previdência aberta somaram contribuições de R$ 847 milhões. O segmento de seguros respondeu por R$ 761 milhões; capitalização com R$ 330 milhões; e consórcio, onde só a taxa de administração é computada, por R$ 27 milhões nos nove meses do ano.

"Em 2001, o faturamento da previdência era de R$ 80 milhões. Passamos de um market share de 2% para 6,3%", disse o executivo. O Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL), lançado em junho de 2002, foi fundamental para incrementar a produção de previdência. Segundo Clandon, o setor de acumulação não perderá o fôlego em 2005 com as novas regras de tributação de Imposto de Renda. "Continua sendo um produto atrativo para as pessoas. O forte crescimento deverá continuar em 2005, mas num ritmo menos acelerado do que nos anos anteriores, que chegou na casa dos 50%. Estamos prevendo alta de 25% no segmento. O que já é um índice fantástico", acrescentou.

Estimativas para 2005

Clandon estima que em 2005 o setor de seguros apresentará crescimento de 12% e a Caixa cresça 15%, aumentando sua participação no mercado. O grande esforço da Caixa será na oferta de seguro residencial. "As pessoas têm vontade de ter o seguro, segundo pesquisas, mas acham que o preço é igual ao de automóvel, representando 10% do valor do bem. Apenas 4% das famílias têm o produto, por isso temos muito a fazer para difundir o produto", disse.

Em capitalização, a aposta de Clandon é de evolução de 12% para o setor e de 17% para a Caixa Capitalização. "Esse mercado depende muito da situação econômica", ressaltou. Em previdência, a estimativa do executivo para o setor é de 25%. "E nós queremos acompanhar", disse. Na Caixa Consórcio, operação que completou dois anos neste mês, o grupo já é o segundo maior e espera crescer acima dos 13% previstos para o segmento. O orçamento do grupo será apresentado no próximo dia 7 ao conselho de administração.

No que diz respeito à rentabilidade das seguradoras, as taxas de juros em alta ajudaram. "As companhias deverão apresentar bons resultados neste ano. Projetávamos encerrar o ano com a Selic em 14% e deveremos encerrar com 17% (hoje a Selic está em 16,75% ao ano), o que traz um bom impacto para o balanço".

Segundo o executivo, a perspectiva de uma queda mais abrupta no início do ano foi fundamental para as empresas buscarem compensar a perda estimada no financeiro com ganhos operacionais. O executivo estima que o grupo encerrará 2004 com despesas administrativas com um índice inferior aos 10,8% dos prêmios ganhos registrados em 2003.