Título: Bahia cria novas linhas de crédito especial para APLs
Autor: Alvaro Figueiredo
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/11/2004, Gazeta do Brasil, p. B-14

Modelo busca redução de custo, dar sustentabilidade e competitividade aos negócios, estimulando o desenvolvimento regional. Os empresários que atuam nos Arranjos Produtivos Locais (APLs) do estado passam a dispor de programa de crédito diferenciado, direcionado às suas necessidades específicas. As linhas do Programa de Apoio Creditício aos APLs (CrediAPL) oferecem condições especiais de crédito para capital de giro, investimento fixo, capacitação, promoção comercial, desenvolvimento de mercados e adequação de processos e técnicas às normas ambientais e sanitárias. Os novos recursos foram disponibilizados esta semana, autorizadas a partir de decreto assinado pelo governador da Bahia, Paulo Souto (PFL).

O programa será operado pela Agência de Fomento da Bahia (Desenbahia), que desenvolveu os estudos técnicos para a criaçãodas novas linhas a partir de trabalho que durou cerca de um ano, constando de levantamento, junto ao APL de confecções do bairro do Uruguai, em Salvador, das necessidades e capacidades creditícias.

"Exatamente por isto, este arranjo funcionará como piloto para o programa, que posteriormente deverá ser estendido a outros APLs do estado", comentou o presidente da Desenbahia, Vladson Menezes. O lançamento oficial do CrediAPL ocorrerá amanhã, às 9h, em cerimônia a ser realizada no Outlet Center, shopping que integra os produtores de confecções do bairro do Uruguai.

Paralelamente ao microcrédito, já operado pela Desenbahia, as novas linhas serão disponibilizadas de acordo com um modelo de financiamento inédito elaborado pela área técnica da agência, depois que ficou constatado que os produtos convencionais disponíveis no mercado financeiro não se adequavam às necessidades reais dos empresários de APLs. Este modelo privilegia os pagamentos à vista como forma de reduzir custos dos empresários e dar sustentabilidade e competitividade aos negócios, estimulando o seu desenvolvimento.

Na linha de giro, por exemplo, os empréstimos concedidos serão sempre depositados pela Desenbahia na conta do fornecedor. Quando o tomador for o fabricante, o valor referente ao financiamento irá diretamente para a conta do fornecedor de matéria-prima ou insumo, a título de pagamento à vista; em geral, essas compras têm prazo de pagamento de 30 a 90 dias, o que acarreta juros e aumento de custos para o comprador. Ao realizar o pagamento "cash", será possível obter descontos que variam de 3% a 5% ao mês, segundo os estudos realizados. Mais à frente da cadeia, quando do repasse da mercadoria pronta a pequenos varejistas e vendedoras autônomas (as chamadas "sacoleiras") o financiamento será feito, em grande parte, com microcrédito. Mais uma vez, os recursos serão encaminhados diretamente ao fornecedor, que agora é o fabricante de roupas, conferindo aos compradores maior poder de barganha. Os descontos nesta etapa chegam a 10%. O modelo pode ser potencializado, tornando-se ainda mais vantajoso, com a organização dos compradores de matérias-primas e de produtos finais em cooperativas e associações, já que, deste modo, ganharão escala, ampliando a sua margem de negociação.

Os ganhos proporcionados pela utilização desse sistema se tornam evidentes quando se considera que as taxas de juros das linhas da Desenbahia vão de 1% a, no máximo, 1,8% ao mês, mantendo-se, portanto, bem abaixo dos juros embutidos nos pagamentos a prazo.