Título: Programa oficial beneficia jovens do Ceará e do Rio
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Fonte: Gazeta Mercantil, 26/08/2004, Nacional, p. A-6
Alunos carentes que participaram do curso de surf, em Fortaleza, e de serigrafia, no Rio de Janeiro, já começaram a ganhar dinheiro com pequenas oficinas montadas nas próprias casas. Os cursos desenvolvidos no Consórcio Social da Juventude fazem parte do Programa Primeiro Emprego, do Ministério do Trabalho.
Luiz Gonzaga Rodrigues, 22 anos, que fez o curso em Pirambu, na periferia de Fortaleza, está trabalhando, em casa, no reparo de pranchas e a expectativa é abrir a própria fábrica. "O que eu posso fazer é, de pouquinho em pouquinho, montar uma coisa própria para mim, para me destacar como o Valdir, em tudo que ele me ensinou. Poder botar meu nome em uma prancha. Com o pouco que eu ganho em casa e aqui, que eu possa comprar uma máquina e todo o meu material", disse o aprendiz de empresário.
O trabalho dos novos profissionais em Fortaleza já tem perspectiva de atingir o mercado externo. O coordenador pedagógico do curso, Francisco Fábio de Souza Galvão, disse que parte da produção das pranchas, que já começaram a ser fabricadas pelos alunos formados, será exportada, até o fim do ano, para Portugal e Estados Unidos.
No Rio, o aluno Jonatas Santos da Silva, 18 anos, investiu parte do dinheiro da bolsa de R$ 150 que recebeu em cada um dos quatro meses de duração das aulas, na montagem de um equipamento alternativo para os serviços de serigrafia. O equipamento profissional, segundo o coordenador do curso, Carlos Alberto Trajano dos Santos, custa cerca de R$ 9 mil e o aluno conseguiu montar o "genérico" por R$ 380. Jonatas fez o curso no núcleo da Vila do João, no conjunto de favelas da Maré, coordenado pela organização não governamental (ONG) Ação Comunitária Brasil.
Além da parte profissional, os alunos aprenderam português, matemática, informática e conceitos de formação de empresas. São resultados como esses que estão levando os técnicos do Ministério do Trabalho a preparar o sistema de extensão do Consórcio Social da Juventude para todo o país.
A diretora do Programa Primeiro Emprego, do Ministério do Trabalho e Emprego, Gladys Andrade, informou que isso deve acontecer até o fim de setembro. Antes disso, segundo ela, é necessária a assinatura, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do decreto de criação do Conselho Consultivo do Programa Primeiro Emprego.
Para a diretora, a experiência piloto, feita em consórcios de Belo Horizonte, Fortaleza, Rio de Janeiro, Salvador, Distrito Federal e região do ABC paulista, no primeiro semestre deste ano, comprovou que o modelo apresentou resultados positivos e, em alguns casos como Rio e Fortaleza, conseguiu avançar, permitindo a integração com a Secretaria de Economia Solidária, também do Ministério do Trabalho. "A Secretaria de Economia Solidária atua na formação da cadeia produtiva, identificando as formas de financiamento para a fabricação dos produtos e as lojas para escoar a produção", disse Gladys Andrade.
O consórcio é uma forma de integração entre a sociedade civil, empresas do setor privado, governos e organismos de financiamento e cooperação tanto nacionais como internacionais. A idéia é definir projetos de ocupação para jovens de 16 a 24 anos.
Ainda no Rio, os cursos do programa Primeiro Emprego atendem a jovens das comunidades da Rocinha, Mangueira, Morro Dona Marta, Vidigal, conjunto de favelas do Alemão, Borel e conjunto habitacional Cidade Alta. Eles fazem cursos de reforma e construção de instrumentos musicais, locução e jornalismo comunitário, fotografia, serviços administrativos, entre outros.