Título: ONS volta a negar risco de crise em 2008
Autor: Luciana Collet
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/11/2004, Energia, p. A5

O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Mário Santos, ressaltou ontem em São Paulo que não há possibilidade de qualquer crise energética até 2008, quando o risco de déficit tende a aumentar, mesmo em um cenário otimista de crescimento médio anual do PIB de 4,8% e de demanda por energia elétrica para 6,5%. "O esforço que vem sendo feito pelo Ministério de Minas e Energia para tentar eliminar os problemas das usinas em construção tem dado resultado", ressaltou Santos.

Rebatendo a recentes notícias veiculadas na imprensa de que o órgão teria sugerido uma crise para daqui a quatro anos, Santos afirmou que para o próximo estudo quinquenal, programado para ser realizado em dezembro, já não deve ser registrado nenhum risco. "Existem hoje um potencial de geração de 31,01 mil MW, dos quais 17,79 mil são usinas amarelas", disse, referindo-se à classificação dada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) às usinas outorgadas, em que amarelas são as usinas que enfrentam algum tipo de obstáculo para operarem, como a falta de licença ambiental.

Ele destacou seis usinas "amarelas" - num total de 1966 MW - que em breve deverão ser transferidas para a classificação "verde" (que não possuem qualquer restrição para início da produção). Isso permitirá que essas obras possam ser consideradas no estudo elaborado pelo ONS, diminuindo o risco de déficit do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Entre os projetos que devem passar pela transição estão as hidrelétricas de Aymorés (330 MW), Corumbá IV (127 MW) e Santa Clara (120 MW), previstas para entrar em operação em julho do próximo ano, além da usina de Fundão (120 MW), programada para março de 2006. Também devem ser liberadas as térmicas Nova Piratininga (400 MW), com início de operação previsto para julho de 2005 e Santa Cruz Nova (200 MW) programada para operação em duas etapas, sendo 200 MW em agosto de 2005 e os demais 200 MW em julho de 2006.

Santos acrescentou que na próxima projeção também poderão ser consideradas as usinas do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa), que a partir de 2006 passarão a fornecer mais 3,3 mil MW ao sistema interligado nacional.

Embora ele tenha destacado o cenário de maior crescimento, o diretor disse que para 2004 já está praticamente definido que o crescimento de mercado será o projetado pelo cenário de referência, com evolução na demanda de 4,5%. "Houve um pico de aumento em setembro, mas em outubro já verificamos um leve declínio, portanto ao que tudo indica o crescimento de mercado este ano não passará dos 4,5%", afirmou.