Título: Petrobras vai garantir fornecimento para as térmicas nordestinas
Autor: Luciana Collet
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/11/2004, Energia, p. A6

A Petrobras poderá gerar energia de suas termelétricas na região Sudeste como forma de garantir o fornecimento das térmicas do Nordeste que hoje não geram porque não há fornecimento de gás natural para suas turbinas. A decisão faz parte de um acordo formal entre a Petrobras, produtores independentes de energia envolvidos, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que será assinado ainda no decorrer dessa semana.

Com isso, procura-se resolver paliativamente a pendência gerada no início do ano de impossibilidade de despacho das térmicas nordestinas. Nos primeiros meses do ano, por conta do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas que fornecem energia elétrica para o Nordeste, o ONS determinou a geração de energia por parte de térmicas a gás natural localizadas na região, como Termopernambuco, Termoceará, Termofortaleza, Termobahia, Camaçari e Fafen (BA). Devido à falta de infraestrutura de fornecimento de gás, as geradoras não puderam fornecer a energia e o sistema ficou prejudicado.

Com o acordo, a energia produzida por termelétricas no Sudeste será transferida para o Nordeste pela malha de transmissão do sistema interligado. Com isso, será poupada uma parte da água dos reservatórios das hidrelétricas nordestinas que deveria ser utilizada para atender a demanda da região. Por outro lado, se o ONS verificar que hidrelétricas do subsistema Nordeste deverão enviar energia para o Sudeste, a Petrobras poderá gerar parte dessa energia na região, também economizando a água dos reservatórios nordestinos.

"Somente tomamos a decisão após o ONS garantir que a operação não afetaria as hidrelétricas", afirmou o secretário do Ministério de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim. O diretor-geral do ONS, Mário Santos, disse que a operação somente será permitida se não afetar a segurança do sistema. "A operação é interruptível, nos moldes do que foi feito para a Argentina, mas, se as usinas do Nordeste começarem a verter, é essa energia que está sendo vertida", afirmou Santos.