Título: Jaqueline Roriz é internada
Autor: Medeiros, Luísa ; Lins, Thalita
Fonte: Correio Braziliense, 08/04/2011, Cidades, p. 26

Um dia após retomar as atividades no parlamento, a deputada federal passou mal em seu gabinete e foi atendida no Departamento Médico da Casa. Diagnosticada a infecção urinária, ela foi levada a uma clínica particular na Asa Sul, onde deve permanecer por 48 horas Menos de 24 horas depois de retomar à atividade parlamentar, a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN) teve que se afastar, novamente, da Câmara dos Deputados. Sentindo febre e calafrios, ela passou mal no próprio gabinete, na manhã de ontem, e precisou ser levada ao Departamento Médico da Casa. Depois de uma bateria de exames, foi diagnosticada uma pielonefrite, um tipo de infecção no trato urinário que atinge os rins. Jaqueline está internada em um hospital particular na 613 Sul desde as 13h de ontem, onde deve permanecer até hoje. Entre assessores e familiares, a deputada mostrou disposição para voltar ao trabalho na próxima segunda-feira, apesar de ter ficado o último mês longe da função. Ela responde a processos por quebra de decoro parlamentar, que podem levá-la a perder o mandato.

Jaqueline chegou por volta das 9h30 de ontem no gabinete, mas ficou pouco mais de uma hora no local. Com febre de 38,5 graus desde a última terça-feira, o mal-estar piorou e a deputada foi encaminhada ao serviço médico. O resultado da coleta sanguínea mostrou que a parlamentar estava com uma infecção nos rins. Os médicos da Casa recomendaram que ela fique em observação por 48 horas no hospital. Por volta das 13h, ela foi levada ao Home Hospital Ortopédico e Medicina Especializada, unidade em que costuma ser atendida, no carro de uma assessora. ¿Não estou me sentindo muito bem¿, comentou, ao deixar a Câmara dos Deputados, visivelmente abatida. Quase três horas depois, Jaqueline recebeu a visita da mãe, Weslian Roriz (PSC), no quarto do hospital. Weslian não quis falar sobre o estado clínico da filha.

O assessor de imprensa de Jaqueline, Paulo Fona, disse que o possível ¿estresse¿ que a deputada vem enfrentando pode ter ¿baixado a imunidade¿ dela. ¿É claro que ela não queria estar doente e aguarda melhorar da infecção no domingo, para voltar a trabalhar na segunda-feira¿, afirmou. O assessor comentou ainda que a deputada estava um pouco ¿inchada¿. Jaqueline declarou, na última quarta-feira, ter perdido três quilos ao longo do último mês.

Escândalo Desde a divulgação do vídeo em que a deputada aparece, ao lado do marido, Manoel Neto, recebendo um maço de dinheiro das mãos do delator do escândalo de corrupção da Caixa de Pandora, Durval Barbosa, em 4 de março, ela se afastou dos holofotes, num tentativa de esfriar a repercussão do episódio. Além disso, outras acusações surgiram contra ela, como o suposto uso indevido da verba indenizatória. A única comunicação da deputada, até então, foi uma nota à imprensa na qual admitiu que o recurso entregue pelo ex-secretário de Relações Institucionais do GDF não foi declarado à Justiça Eleitoral em 2006. À época. Jaqueline concorria a uma das vagas da Câmara Legislativa.

Na última quarta-feira, ela apareceu pela primeira vez ao trabalho, depois de 34 dias sem ir à Câmara. Na ocasião, Jaqueline não deu explicações sobre a gravação. Disse apenas que ¿está com a consciência limpa¿ e que ¿não irá renunciar ao cargo¿. A deputada foi ao Conselho de Ética da Casa, acompanhada de assessores e do advogado, para protocolar a defesa no processo por quebra de decoro parlamentar aberto contra ela pelo PSol. A peça da defesa de Jaqueline pede o arquivamento da investigação sob a alegação de que o colegiado não tem competência para investigar fatos ocorridos anteriormente ao mandato parlamentar. Ela aproveitou o retorno para acompanhar a sessão no plenário e conversar com os colegas.

A assessoria de imprensa da deputada informou que, no período em que ela não participou das atividades na Câmara, esteve no Rio de Janeiro e em São Paulo para tratamentos médicos.

Os dois especialistas que a atenderam durante o período, um cardiologista e um psiquiatra, emitiram atestado e laudo circunstanciado, respectivamente, para justificar o afastamento da deputada. Mas o Departamento Médico da Câmara dos Deputados não aceitou nenhum dos pedidos de licença. E as faltas às sessões de votação resultaram, até agora, no desconto de metade do salário de R$ 26,7 mil. Para evitar mais cortes no contracheque pagamento, ela deverá apresentar novo atestado à Mesa Diretora, referente à internação.

Febre e dor A infecção que acomete os rins é identificada pelos especialistas como pielonefrite e vem acompanhada de febre, calafrios e até de sangue na urina. É comum também que o paciente tenha grande sensibilidade na região lombar ou abdominal e que a urina fique mal-cheirosa ou turva. As bactérias ou micro-organismos que entram pela uretra e se instalam na bexiga também podem atingir e afetar os rins.