Título: Banco Mundial prevê crescimento global de 3,2% em 2005 e 2006
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Fonte: Gazeta Mercantil, 17/11/2004, Internacional, p. A8
O crescimento da economia mundial diminuirá seu ritmo para 3,2% em 2005 e 2006, em comparação com 4% este ano, por causa do aumento dos preços do petróleo, informou o Banco Mundial em seu relatório anual sobre a economia global, divulgado ontem. Os preços do petróleo, que subiram mais de 40% até este momento, já provocaram um corte 0,5% das previsões de expansão global para 2005, disse a entidade. Uma redução do ciclo de investimentos nos Estados Unidos (EUA), o aumento das taxas de juros no país e uma desaceleração da economia da China também influíram na nova previsão.
O banco, o maior financiador de projetos para as nações em desenvolvimento, instou os países a aproveitarem as "perspectivas favoráveis" de suas economias para reduzir seus déficits orçamentários e comerciais, a dívida pública e minimizar suas vulnerabilidades às oscilações dos mercados internacionais de capital, segundo o relatório Perspectivas Econômicas Globais. "Não é este o momento para complacências", afirmou o banco. "Os persistentes desequilíbrios da economia global associados à elevação de dois déficits nos EUA, uma demorada recuperação na Europa, a elevação e volatilidade dos preços do petróleo e a indagações sobre o rumo da economia da China são riscos para o ritmo do crescimento nos países em desenvolvimento no médio prazo".
A Índia, com um déficit orçamentário de cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB), e nações como Polônia e Hungria deverão levar em conta o conselho e reduzir seus déficit financeiros "enquanto o crescimento é relativamente bom para amortecer o golpe", disse Jay Bryson, economista global da Wachovia Corp., na Carolina do Norte.
Este ano, o crescimento global está sendo impulsionado por um aumento de 10,2% do comércio mundial, em comparação com uma expansão de 5,5% em 2003. Segundo as projeções, o comércio mundial deverá ter um aumento de 8,4% em 2005, e de 7,8% em 2006, segundo o banco Mundial. A China foi responsável por mais de 20% do aumento deste ano.
O crescimento dos EUA, maior economia do mundo, deverá crescer 3,2% em 2005 e 3,3% em 2006, diz o banco. Estima-se que crescerá 4,3% este ano. O banco disse que as necessidades de financiamento do orçamento e do déficit da conta corrente dos EUA poderá provocar, no longo prazo, aumento das taxas de juros superior ao previsto. Semana passada, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) elevou as taxas em 0,25 ponto percentual para 2%, quarta alta seguida. O déficit do orçamento no ano fiscal de 2004 atingiu o recorde de US$ 412 bilhões. O da conta corrente chegou ao recorde de US$ 166,2 bilhões no segundo trimestre. "A não ser que haja substancial aumento da poupança interna, por exemplo com o endurecimento da política fiscal, a pressão para desvalorização do dólar provavelmente retomará, pois as exigências de empréstimos externos dos EUA continuam elevadas, e os montantes já consideráveis do endividamento externo continuam se acumulando."
kicker: "Não é este o momento para complacências", afirmou o banco, em relatório divulgado ontem