Título: Explosão de navio interdita terminais no PR
Autor: Cristina Rios
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/11/2004, Telecomunicações & Informática, p. A12

A Capitania dos Portos interditou ontem os terminais privados da Transpetro e da Cattalini em Paranaguá (PR) depois que um navio carregado com metanol explodiu no início da noite de segunda-feira enquanto descarregava o produto. A medida interrompe por tempo indeterminado toda a operação com granéis líquidos - dentre combustíveis, derivados químicos e óleos vegetais. Os produtos respondem por 13% do total de cargas de Paranaguá. No acumulado do ano passaram pelo terminal 3,37 milhões de toneladas de granéis líquidos.

O navio chileno Vicuña de propriedade da Sociedad Naviera Ultragas, explodiu por volta de 19h40 quando descarregava metanol no píer da Cattalini Terminais Portuários. A embarcação levava 14 mil metros cúbicos - 9 mil metros haviam sido descarregados no momento da explosão. Os bombeiros tiveram dificuldades para controlar o incêndio no navio e o vazamento de óleo no mar. Por isso, a Capitania dos Portos interditou também o terminal da Transpetro, próximo do píer da Cattalini. Ontem, mancha de óleo de 18 quilômetros se estendia pela baía de Paranaguá. Além de metanol, o navio estava abastecido, no momento do acidente, com 1.150 toneladas de óleo bunker e 150 mil litros de óleo diesel, informou a Capitania dos Portos.

O acidente com o Vicuña, considerado o mais grave nos últimos 20 anos no porto, aconteceu pouco menos de uma semana depois de um outro vazamento, ocorrido no dia 9, quando o navio Mariner 2, do Chipre, derramou óleo diesel no mar.

Foi criada uma Comissão de Gerenciamento de Desastres, formada por seis peritos nacionais e dois ingleses - da seguradora do navio - para apurar as causas do acidente chileno. O laudo deve sair entre 30 e 60 dias. Com 28 tripulantes, o Vicuña rachou ao meio com a explosão. Parte da sua estrutura afundou e, segundo o Corpo de Bombeiros, o próximo passo será a retirada do tanque e da estrutura metálica do navio que está submersa, o que pode levar meses. Dos quatro tripulantes desaparecidos com o acidente, dois tiveram seus corpos identificados ontem. O governo estadual informou que cobrará uma solução por parte da Cattalini, que, de acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, é reincidente nesse tipo de acidente. A Cattalini, que recentemente investiu R$ 30 milhões para construção de 19 novos tanques para armazenagem no porto de Paranaguá, disse, por meio de nota oficial, que o terminal está apto para carga e descarga de caminhões. Segundo o comunicado, assinado pelo gerente do terminal, Alcindo Cruz, enquanto o Vicuña não puder ser removido, a atracação de navios ocorrerá no Píer da Appa tão logo haja liberação por parte das autoridades. A operação de resgate do navio não afeta, no entanto, a operação do cais comercial, segundo o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA). Localizado a um quilômetro do píer da Cattalini, o cais chegou a ter suas atividades paralisadas na segunda-feira, mas retomou suas operações ontem, segundo a Appa. A Wilson Sons, agência marítima que representa no Brasil os donos do navio, não se manifestou sobre o assunto até o fechamento da edição. Informou apenas que tanto a carga quanto a embarcação estão seguradas.