Título: Brasil é o mais maduro dos emergentes
Autor: Graça Sermoud
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/11/2004, Tecnologia da Informação, p. TI1

País tem taxas de crescimento inferiores às da Índia e China, mas sua expansão é consistente. Em ranking que inclui Índia, Rússia, China e México, o Brasil é o quarto colocado nas previsões de crescimento do mercado de tecnologia da informação (TI) nos países emergentes até 2008.

Enquanto a taxa de evolução no período, prevista para o País, é de 6%, a Índia exibe 19%, a Rússia 17% e a China 14%. Atrás do Brasil, só o México, com 5%. As previsões são de Phillipe de Marcillac, vice-presidente de negócios internacionais da IDC. O executivo esteve em São Paulo na semana passada, durante evento realizado pelo instituto de pesquisas.

A boa notícia é que o País dá sinais de ser um mercado maduro. Na previsão da empresas de pesquisa International Data Corporation (IDC), o Brasil encerra 2004 na segunda posição em volume de negócios, com US$ 10,3 bilhões. Só perde para o gigante emergente, a China, que vai registrar US$ 28 bilhões. O Brasil também exibe performance mais estável, na visão da IDC. No comparativo de participação em segmentos de negócios, apresenta maior receita na área de serviços. Ao mesmo tempo, o País concentra atuação no mercado das grandes corporações, enquanto em países como China e Índia os usuários corporativos de TI incluem grande contingente de pequenas e médias empresas.

A análise da IDC para avaliação dos mercados emergentes levou em conta aspectos como investimentos no setor, taxa de crescimento, estabilidade econômica e política governamental. Na opinião do executivo de pesquisas internacionais da IDC, Phillipe de Marcillac, o Brasil precisa correr se quiser melhorar sua posição entre os países emergentes em TI.

Offshore é a saída

Uma das alternativas seria ganhar posição na prestação de serviços de software, identificada pelo mercado de TI como serviços offshore. Nessa modalidade a Índia atualmente é campeã.

Não seria o caso de copiar o modelo indiano, que oferece serviços de programação de software em massa. "Temos expertise em alguns nichos de negócios, como finanças e governo eletrônico, por exemplo, o que pode trazer um diferencial no desenvolvimento de soluções e na prestação de serviços. Mais do que transcrever códigos de programação, o Brasil pode oferecer mão-de-obra especializada em soluções verticais e agregar valor aos serviços", completa Maurício Monteiro da Rocha, analista de serviços de TI da IDC Brasil.

Os candidatos a ocupar esse lugar, na opinião do executivo, seriam as fábricas de software e os prestadoras de serviços de TI que já atuam no País. Maurício Monteiro acredita que existam hoje pelo menos dez empresas locais capacitadas para realizar esse serviço em nível internacional. Essas companhias estariam inclusive dentro dos padrões de qualidade exigidos, como certificação CMM5 (Capabillity Maturity Model). "De qualquer forma, não existe milagre nesse setor sem uma política definida. As ações incluem mudanças regulatórias e trabalhistas", decreta o executivo.(