Título: Pólo do DF enfrenta barreira ambiental
Autor: Luiz Queiróz
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/11/2004, Tecnologia da Informação, p. TI3

Projeto da Cidade Digital depende de licença de instalação do Ibama para virar realidade. O governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), deverá ter um encontro ainda esta semana com o presidente da Câmara, deputado João Paulo (PT/SP) para pedir urgência na votação do projeto de lei do Executivo 4.186/2004 que altera os limites do Parque Nacional de Brasília. A aprovação desse projeto pelo Congresso Nacional é uma espécie de pré-condição para que o Ibama conceda futuramente a licença de instalação da Cidade Digital, pólo que irá concentrar as empresas de tecnologia do Distrito Federal.

Segundo o secretário para o Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia do DF, Izalcy Lucas, quando concluído o empreendimento terá capacidade para concentrar cerca de duas mil empresas de tecnologia e deverá gerar entre 40 mil a 50 mil empregos diretos. Mesmo na sua fase de implantação, o pólo deverá alavancar o setor da construção civil, pois serão em torno de 700 mil metros quadrados de obras, cujos investimentos dessa infra-estrutura são da ordem de R$ 5 bilhões.

Somente o Banco do Brasil deverá consumir cerca de 40 mil metros quadrados na construção do seu novo centro de processamento de dados, exigência que terá de ser cumprida pela instituição até 2006 pelo acordo de Basiléia. A indefinição da concessão da licença ambiental pelo Ibama, que vinha ocorrendo há dois anos, por pouco fez com que o BB mudasse sua estratégia para o Estado de Goiás.

Mas o secretário Izalcy Lucas garante que o banco irá se instalar no pólo. Na última semana ele esteve conversando com a direção do BB neste sentido. "Essa polêmica ambiental já foi pacificada, estamos agora conversando com outros possíveis parceiros no pólo como a Caixa Econômica e o Serpro", disse o secretário. Izalcy explicou que o projeto que tramita na Câmara não impede o Governo do Distrito Federal de iniciar as obras do pólo.

O empreendimento ainda não foi para frente, entretanto, porque o GDF aguarda a conclusão do relatório de impacto ambiental. Após o cumprimento dessa exigência, espera-se que o Ibama conceda a licença da instalação, que assegura ao governo local o início das construções. Toda a polêmica criada em torno da construção da Cidade Digital começou por conta da falta de uma regulamentação clara sobre o tamanho do Parque Nacional de Brasília. Desde a fundação de Brasília foram feitos estudos sobre a área do parque, mas as autoridades na época deixaram de regulamentar a questão. Com o passar dos anos, algumas invasões foram tomando pedaços do parque. A mais famosa delas, no entanto, é a Granja do Torto, utilizada pelo presidente Lula como sua segunda residência oficial.

Parlamentares da bancada federal do Distrito Federal e o relator do projeto, deputado Jorge Pinheiro (PL-DF), no sentido de corrigir algumas falhas na proposta encaminhada pelo Executivo. O projeto teria sido fruto de um acordo do governador Joaquim Roriz com o Palácio do Planalto, no sentido de compensar o Parque Nacional com a definição de sua área, para liberar a que foi destinada à Cidade Digital.

Arranjos produtivosO presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai usar os Arranjos Produtivos Locais(APLs) para incluir 100 mil pequenas e médias empresas nacionais no comércio internacional. O anúncio aconteceu durante a cerimônia de posse da nova diretora da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), ocorrida, na semana passada, na capital paulista.

A intenção do governo é concluir essa meta até o final de 2007. Os Arranjos Produtivos Locais têm como missão reunir empresas num único local, dotado de infra-estrutura tecnológica de última geração, para a prestação de serviços de cooperação e aprendizagem entre si, com o mercado, com o governo, associações comerciais, instituições de créditos e outras entidades que fomentem novos negócios.

Para o Presidente Lula, o fortalecimento das APLs é considerado condição essencial para o sucesso da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior, lançado em março, e que tem o segmento de software como um dos quatro prioritários para o futuro do País. A inclusão das pequenas e médias empresas no processo é uma das missões do governo para agilizar a proliferação das APLs.

A questão é polêmica. No meio acadêmico há quem ache que os APLs podem ser mais uma política protecionista do governo, num momento em que a competitividade é peça-chave para o sucesso de uma empresa interessada em trabalhar com tecnologia, uma vez que a globalização exige uma preparação rigorosa. Nos parques tecnológicos mundiais, por exemplo, as empresas são obrigadas a apresentar resultados formais para ganhar incentivos.

Em meio à discussão, a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), revelou em evento nacional realizado em Porto de Galinhas, no Recife, que o Brasil terá 283 empresas incubadoras, ao final de 2004. Isso significa um crescimento de 36,7% em relação a 2003. O estudo aponta ainda a existência de 2114 empresas incubadas, 1580 empresas graduadas( já em operação no mercado) e 1367 associadas (que utilizam infra-estrutura sem ocupar espaço físico). Essas companhias são responsáveis pela geração de 27 mil postos de trabalho.