Título: Réplica mata pelo menos 2 pessoas
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Fonte: Correio Braziliense, 08/04/2011, Mundo, p. 21

O Japão sofreu ontem com o maior tremor em seu território desde o terremoto seguido de tsunami em 11 de março. A réplica, de magnitude 7,1, foi registrada às 23h32 (fim da manhã no Brasil) no nordeste do país, que ficou em estado de alerta. A agência meteorológica japonesa chegou a enviar uma notificação para a possibilidade de um maremoto no litoral da província de Miyagi, mas retirou o aviso uma hora e meia depois. O governo japonês confirmou que duas pessoas morreram: um homem de 79 anos, por choque emocional, e uma mulher de 60, cujo aparelho que a ajudava a respirar parou de funcionar com o corte da eletricidade. Pelo menos 132 pessoas ficaram feridas, segundo a Polícia Nacional.

O abalo sísmico foi registrado a uma profundidade de 49km, segundo dados do Instituto de Geofísica Americano (USGS). O epicentro foi situado no Oceano Pacífico a 66km a leste da cidade de Sendai, em Miyagi. O terremoto também foi sentido na capital Tóquio, onde prédios tremeram. ¿Concluímos que o fenômeno foi um tremor secundário ao de 11 de março¿, declarou um porta-voz da agência meteorológica japonesa.

O nordeste do país passa por uma reconstrução depois do terremoto de magnitude de 9.0, o mais potente já registrado no país. A tragédia deixou mais de 28 mil mortos e desaparecidos e milhares de desabrigados. Um novo tremor poderia piorar ainda mais a situação na região mais atingida. Segundo a rede de notícias NHK, escapamentos de gás, incêndios e inundações foram observadas em algumas partes de Sendai. Cortes no fornecimento de energia foram registrados nas províncias vizinhas de Aomori, Iwate e Akira.

Usina nuclear A grande preocupação do governo era com a estrutura da central nuclear de Fukushima, que apresentou vazamentos radioativos depois da grande catástrofe do mês passado, mas, de acordo com a Agência de Segurança Nuclear, nenhuma usina da região apresentou novos problemas. O terremoto foi sentido em Fukushima, o que levou a empresa Tokyo Electric Power (Tepco) a retirar os funcionários do local.

¿Não tivemos de imediato nenhuma informação indicando que estaria acontecendo qualquer coisa de anormal na central. A injeção de água nos reatores prossegue sem problemas¿, anunciou um porta-voz da Tepco, referindo-se ao trabalho para controlar o superaquecimento dos reatores nucleares. Os técnicos tinham começado a fazer uma injeção de nitrogênio no reator 1 para controlar o acúmulo de hidrogênio e prevenir uma explosão. A ação também não sofreu nenhuma alteração segundo a empresa.

Os japoneses sofrem com a ameaça nuclear. Os níveis de radiação registrados perto da usina de Fukushima estão milhões de vezes acima do normal e contaminou o Oceano Pacífico. Além disso, a central nuclear deve despejar no mar, até sábado, mais de 11 mil toneladas de água radioativa que estão acumulados nas máquinas e prejudicam a ação dos técnicos. O governo informou ontem que estuda ampliar de 20km para 30km o perímetro de segurança ao redor da central nuclear, devido ao risco de exposição à radiação. De acordo com o porta-voz do governo japonês, Yukio Edano, especialistas analisam novas medidas para tentar diminuir o risco para a população.