Título: Calma no Iraque provoca recuo de 3,8% nos preços
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Fonte: Gazeta Mercantil, 26/08/2004, Energia, p. A-8
O preço do petróleo caiu ontem quase 4% em Nova York, arrastado por um forte retrocesso no valor dos contratos de gasolina e por notícias sobre uma relativa calma na cidade iraquiana de Najaf. O valor do petróleo acelerou, com isso, a tendência de baixa que já havia demonstrado nas três últimas sessões, apesar da notícia de que as reservas armazenadas nos Estados Unidos caíram 1,7 milhão de barris na semana passada.
O preço dos contratos futuros, para entrega em outubro, do óleo tipo WTI na Bolsa de Mercadorias de Nova York ficou em US$ 43,47 ao fim do dia, uma queda de 3,8%. Na Bolsa Internacional do Petróleo, em Londres, os contratos do barril do óleo Brent, para entrega no mesmo mês, também registraram uma forte queda, fechando cotado a US$ 40,70, redução de 3,8%. Os contratos de gasolina, para entrega em setembro, fecharam em US$ 1,19 o galão (3,78 litros), após cair cerca de sete centavos em relação ao preço do dia anterior.
Os dados divulgados ontem pelo Departamento de Energia dos EUA indicaram que as reservas armazenadas de gasolina não variaram na semana passada em relação à anterior, mantendo-se em um total de 205,7 milhões de barris, 4,7% acima do acumulado há um ano. O dado chamou a atenção dos operadores nova-iorquinos, que esperavam uma queda de mais de dois milhões de barris, como previam alguns especialistas.
As cifras semanais indicaram, além disso, que a demanda de gasolina, embora mantenha-se elevada há semanas, começa a ceder nos EUA à medida que se aproxima o fim do verão no hemisfério norte. A média das últimas quatro semanas é apenas 0,7% superior à registrada há um ano. As importações de petróleo alcançaram uma média de 10,5 milhões de barris diários, 142 mil barris acima da semana anterior. As refinarias operaram a 96% de sua capacidade e aumentaram o uso de matéria-prima, o que explica em boa medida a queda nas reservas de petróleo.
Uma momentânea calma na cidade iraquiana de Najaf, onde, desde o início deste mês, ocorreram violentos confrontos entre a milícia leal ao clérigo xiita Moqtada Al Sadr e tropas iraquianas e dos EUA, contribuiu também para aplacar os ânimos nos mercados, segundo os analistas. Os leais a esse clérigo radical xiita decidiram ontem suspender a luta para comemorar o retorno do aiatolá Ali Sistani ao Iraque, após receber tratamento médico em Londres.