Título: Ministro quer negociar mais verbas ao setor
Autor: Karla Correia
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/08/2004, Nacional, p. A-10

O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, vai negociar direto com as bancadas no Congresso para aumentar a dotação orçamentária da pasta, em 2005, em até R$ 2,5 bilhões. A intenção do ministro é enviar uma proposta de R$ 3,5 bilhões - menor do que o limite autorizado pelo governo para o setor - para a Comissão Mista de Orçamento. Mais tarde, a proposta será complementada por um aditivo, visando o atendimento de obras prioritárias definidas em negociações com parlamentares de cada estado, segundo o ministro.

"Vamos gastar melhor o que a gente tem", disse Nascimento, defendendo que a negociação com bancadas é o meio mais garantido de adequar os investimentos do ministério às necessidades reais de cada estado. O ministro adiantou sua estratégia para a discussão do Orçamento do próximo ano ontem, durante audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara.

Com o aditivo, o orçamento do Ministério dos Transportes pode chegar a R$ 6 bilhões em 2005, mais do que o dobro da dotação da pasta este ano, de R$ 2,3 bilhões. Segundo Nascimento, a prioridade do ministério no ano que vem continuará sendo a recuperação de rodovias, que hoje consome cerca de 80% da verba orçamentária da pasta.

O incremento na dotação permitirá a recuperação de até 70% da malha rodoviária brasileira até o início de 2006, estima o ministro, a tempo de colaborar com o escoamento da safra 2005/2006. Nascimento admitiu que mesmo com o plano de emergência que pretende recuperar de 20% a 25% das estradas até abril do próximo ano, anunciado no início de julho, o transporte da produção agrícola será prejudicado este ano pela falta de condições de tráfego nos principais corredores de exportação do País "Se não tivesse acontecido uma quebra na safra de grãos do País, os gargalos seriam ainda mais graves", avaliou o ministro. "Ainda assim as condições de escoamento criarão entraves para as exportações", disse. Ao lado das condições precárias em corredores de exportação, o ministro citou os gargalos no setor portuário entre os maiores obstáculos no escoamento da produção em direção ao mercado externo. "O governo está consciente de que a concentração de investimentos no modal rodoviário é um passo atrás na necessidade de se integrar os modais para aumentar a capacidade de escoamento da produção", reconheceu Nascimento. "Mas a curto e médio prazos, a recuperação da malha existente é prioritária, e essa malha é de rodovias", argumentou.

Segundo ele, o ministério está elaborando projetos de integração hidroviária e ferroviária para o transporte da produção agrícola da região Centro-Oeste em direção a portos do Nordeste, como Itaqui (MA), Pecém (CE) e Suape (PE), o que colaborará para desafogar os portos do Sudeste-Sul do fluxo de cargas para exportação.

Nascimento informou ainda que está estudando uma proposta das concessionárias de ferrovias.