Título: Empresas pedem isenção de imposto....
Autor: Sérgio Prado e Sérgio Pardellas
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/11/2004, Primeira página, p. A1

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), depois da reunião, foi incisivo ao transferir o ônus da demora pela aprovação da Reforma Tributária no Congresso ao governo federal. Segundo o chefe do Executivo estadual mineiro, quando interessou ao governo federal, durante a votação da primeira etapa da reforma, a base foi mobilizada. Depois, teriam surgido outras prioridades. "Cabe ao governo dar o primeiro passo. Quando quis, fez. Agora não há a mesma mobilização. Esperamos do governo o mesmo empenho do início", disse, demonstrando ceticismo quanto a votação ainda este ano. "Não estou otimista em relação ao que está proposto para ser votado este ano. Fala-se em convocação extraordinária, quem sabe", afirmou.

Aécio voltou a endurecer o discurso em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao dizer que a confiança precisa ser restabelecida entre governo e estados. Existiria, segundo ele, uma diferença entre o que se negocia e o que se cumpre, como por exemplo o ressarcimento pelas perdas da Lei Kandir.

Este foi o mesmo mote usado por Armando Monteiro Neto, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), para defender o que chama de desoneração dos investimentos e outros pontos considerados essenciais na mudança do aparato tributário. (Veja quadro nesta página).

Falta de tempo

Além do debate sobre o cerne das propostas, os empresários dizem ainda que é preciso correr contra o tempo. A expectativa é de que o projeto seja votado até meados de 2005. "Vejo hoje sinais de que o governo quer avançar na reforma. E o Congresso funciona pela pressão", reconheceu o senador Fernando Bezerra, líder do governo no Parlamento. Fala com conhecimento de causa, pois há meses o debate sobre a mudança do ICMS, o principal imposto estadual do País, se arrasta na Câmara. Este é o primeiro passo para a criação do Imposto de Valor Agregado (IVA), em 2007. Ocorre que os governadores não se entendem em torno do assunto e barram a idéia. Outro agravante foi o clima quente da disputa eleitoral, que começa a ser esfriar um pouco entre os partidos.

Para o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), Robson de Andrade, o evento foi importante para aproximar ainda mais a sociedade do debate em torno da cobrança de tributos. Os organizadores do evento, "Regimes Fiscal e Tributário e a Capacidade do País voltar a Crescer", realizado num hotel de Brasília, montaram um stand, chamado "Feirão do Imposto" alertando a população para a fatia referente aos impostos que incide sobre o preço dos produtos consu-midos no dia a dia. kicker: Aécio Neves culpou o governo federal pela demora na aprovação da reforma