Título: Disputa deve manter o nível de deságio em alta no leilão de hoje
Autor: Raymundo de Oliveira
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/11/2004, Energia, p. A5

O último leilão de linhas de transmissão de energia elétrica do ano, que será feito hoje, deve manter o nível acirrado de disputa pelos novos trechos. A expectativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia (Abrate) é que o nível médio de deságio verificado no leilão realizado em setembro deve se repetir. Em setembro, a Aneel leiloou onze lotes com 2,8 mil quilômetros de linhas de transmissão e obteve um deságio médio de 34,8%. No ano passado o índice de deságio no único leilão de transmissão realizado pela agência no período foi de 36%.

Hoje, serão leiloados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) dois lotes, um com 937 quilômetros, entre os estados do Tocantins e Bahia e uma subestação, e o outro com 65 quilômetros em Minas Gerais e duas subestações. Segundo o diretor-executivo da Abrate, Cesar Pinto, a expectativa é que a disputa pela implantação, operação e manutenção das novas linhas deve ser acirrada e ter índices de deságio tão altos como os verificados no leilão de setembro, quando as espanholas Elecnor e Isolux Wat venceram os poderosos consórcios formados por estatais federais e estaduais junto com empresas privadas e levaram três dos quatro maiores lotes licitados. Depois da performance das espanholas, a expectativa hoje é de uma verdadeira batalha entre elas e as estatais.

Para o leilão de hoje estão habilitadas as espanholas Elecnor, Isolux Wat, Abengoa, Cymi e Cobra, as privadas nacionais Alusa, Schain, Queiroz Galvão, Mairengineering e as estatais Furnas, Eletronorte e Chesf (federais) e Cemig (estadual). Elecnor, Isolux, Abengoa e Schain vão disputar isoladamente e um consórcio foi formado entre as estatais Chesf, Eletronorte e as privadas Alusa, Queiroz Galvão e Mairengineering para a disputa pelo trecho entre Colinas (TO) e Sobradinho (BA). Para tentar conseguir o trecho em Minas Gerais, as estatais Furnas e Cemig formaram consórcio com a Alusa e a Orteng. As espanholas Cymi e Cobra formaram um consórcio para disputar os dois trechos.

De acordo com a Aneel, a estimativa de investimento no trecho entre Toncantis e a Bahia é de R$ 994,5 milhões e a receita máxima permitida é de R$ 204,9 milhões por ano. No trecho entre Berilo (MG) e Araçuaí (MG), o investimento previsto é R$ 58 milhões e a receita anual R$ 11,5 milhões.