Título: Rumsfeld é cauteloso ao falar sobre Forças Armadas
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Fonte: Gazeta Mercantil, 18/11/2004, Internacional, p. A8

O secretário de Defesa dos Estados Unidos (EUA), Donald Rumsfeld, que pediu aos países latino-americanos que fizessem mais na luta contra o terrorismo, tocou em uma questão delicada ontem, ao sugerir o uso das Forças Armadas para combater terroristas e o crime organizado. Num discurso na cúpula de ministros da Defesa das Américas no Equador, que acaba amanhã, abordou a questão cautelosamente, dizendo que cada país deve decidir como tratá-la. Como muitos dos países na região restauraram a democracia recentemente, são cautelosos em dar às Forças Armadas um papel maior na segurança interna.

Os EUA não usam forças militares ativas para guardar suas fronteiras e os militares são em geral proibidos de fazer trabalhos de policiamento domésticos, embora jatos militares estejam em alerta constante para derrubar aviões seqüestrados se eles ameaçarem instalações americanas.

"O combate ao terrorismo, para ser efetivo, deve transcender os aspectos meramente repressivos, considerando certas circunstâncias de exclusão e injustiça que alimentam (...) atitudes extremistas", disse o ministro da Defesa e vice-presidente do Brasil, José Alencar. A posição do País, apoiada por outros da região, diverge da defendida pelos EUA.

"É preciso proteger melhor a região das ameaças do século 21. O terrorismo, os seqüestradores, traficantes e delinqüentes não reconhecem fronteiras", disse Rumsfeld.

O sistema de segurança interamericano se baseia no Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar) e na Junta Interamericana de Defesa (JID), criados na década de 40 e foram violados várias vezes pelos EUA. A esses tratados somaram-se recentemente outros órgãos como a Comissão de Segurança Hemisférica (CSH). Mas o sistema é apenas um conceito, sem operacionalidade. O Brasil se opõe à criação de um organismo que reúna todas essas entidades e que tenha capacidade de operação