Título: Novos indicadores aumentam expectativa de juros maiores
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Fonte: Gazeta Mercantil, 18/11/2004, Internacional, p. A9
Em outubro, produção industrial cresceu 0,7%, maior alta em três meses. A expectativa de que os Estados Unidos (EUA) continuarão elevando suas taxas de juros ganharam mais força ontem, com a divulgado de produção industrial, da inflação e de construção de residências novas. Em outubro, a produção industrial cresceu 0,7%, o maior salto dos últimos três meses. Os preços ao consumidor subiram 0,6%, maior alta desde maio - o aumento foi de 0,2% excluindo-se alimentos e energia. E a construção de casas se expandiu em 6,4%, maior índice em dez meses, elevando para 2,027 milhão o número anualizado de habitações, o mais elevado deste ano.
Na terça-feira, o governo divulgou que a inflação no atacado subiu 1,7%, índice que além de inesperado - como os divulgado ontem -, foi o maior desde janeiro de 1990 .
"Temos uma economia sólida e uma inflação em lento crescimento", disse Joel Naroff, presidente da Naroff Economic Advisors de Holland, no estado da Pensilvânia, responsável pelas mais precisa previsões sobre o Produto Interno Bruto dos EUA, segundo pesquisa da revista Bloomberg Market. "Isso apenas reforça a convicção de que o Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) vai arrochar a política monetária bem mais."
"Todos estes números indicam que a economia está indo muito melhor do que as pessoas pensavam", disse James Glassman, economista do J.P. Morgan em Nova York. "Isto fará com que o Fed continue avançando". Na sua opinião, o banco, que este ano dobrou a taxa dos fundos federais para 2%, provavelmente a elevará para 3% até o outuno (no Brasil) de 2005, antes de pensar em parar.
Desde junho, o banco central está elevando as taxas em pequenos saltos de um quarto de ponto percentual a cada deis semanas, aproximadamente.
Os analistas disseram ontem que as mais recentes notícias econômicas, confirmaram a estratégia do Fed de um enfoque gradual para os aumentos das taxas.
Inflação
Os preços ao consumidor estão crescendo a uma taxa anualizada de 3,9% até agora. Alguns operadores de contratos futuros atrelados à taxa básica de juros prevêem que o Fed elevará sua taxa referencial em dezembro, pela quinta vez este ano, para 2,25%, a fim de evitar o superaquecimento da economia e a escalada da inflação.
Os aumentos da gasolina, dos alimentos, de artigos de vestuário e de automóveis novos puxaram o salto do índice de preços ao consumidor de outubro, depois de sua alta de 0,2% em setembro.
O aumento do índice restrito, que exclui alimentos e energia, seguiu-se à elevação de 0,3% computada em setembro e se constituiu na maior alta consecutiva contabilizada desde abril e maio passados.
Produção
A produção industrial de outubro, puxada pela intensificação da produção de eletrodomésticos, automóveis e autopeças, e pelos setores de petróleo e gasolina, que se recuperaram dos efeitos dos furacões que assolaram os Estados Unidos nos dois meses anteriores.
Este é "um relatório surpreendentemente bom sobre o setor industrial, com uma ampla alta dos bens duráveis", afirmou Chris Low, economista-chefe da FTN Financial de Nova York.
Construção
O número de novas residências sendo construídas subiu 6,4%, a partir da taxa anualizada corrigida de 1,905 milhão de setembro, disse o Departamento de Comércio.
Os alvarás de construção, que são sinal de atividade futura, caíram 0,7%, para 1,984 milhão de casas. Previa-se que os inícios de obras residenciais subiriam para um total anualizado de 1,96 milhão de unidades, com base na mediana dos prognósticos.
Considerado isoladamente, o índice de preços dos produtos subiu 1,3% em outubro, o maior aumento desde janeiro de 1990, e ficou 3,8% superior ao de igual período do ano passado.
Os preços dos carros novos tiveram elevação de 0,4% no mês passado, sua maior alta desde fevereiro, e o custo do item vestuário subiu 0,2%.
Os serviços passaram a custar 0,1% mais do que em setembro deste ano e 2,8% mais que em outubro de 2003.