Título: Aos 75 anos a Ecil prepara processo de internacionalização
Autor: Rita Karam
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/11/2004, Indústria & Serviços, p. A11

O aumento da produção mundial de aço e o esforço para ganhar participação no exterior vão render ao grupo brasileiro Ecil um crescimento de 30% nas vendas deste ano, projetadas em cerca de R$ 70 milhões. Entre os principais responsáveis por essa expansão nos negócios está um pequeno e descartável sensor para medir temperatura utilizado em larga escala por siderúrgicas e fundições, entre outras indústrias. Tecnologia que a Ecil adquiriu da norte-americana Leeds & Northrup na década de 1970 e sob a qual pretende embasar o processo de internacionalização do grupo.

"Para sobreviver é preciso operar também fora do Brasil, ter escala, aumentar a linha de produtos e aplicações. O ano que vem será para definir a internacionalização da Ecil", afirmou o diretor presidente, Nelson Peixoto Freire, que comemora este mês os 75 anos da empresa.

Os planos iniciais incluem a instalação de uma operação própria nos Estados Unidos ou no México com o objetivo de oferecer mais segurança aos compradores quanto ao abastecimento e à assistência técnica. Inclusive para clientes brasileiros que se internacionalizam como a Gerdau, explicou Freire. O projeto será tocado com parceiros locais. Freire coloca a empresa entre as maiores do mundo no produto. "O desenvolvimento do sensor descartável foi da Leeds e por 10 anos mantivemos um contrato de transferência de tecnologia com eles", disse.

Há dois anos, quando a empresa passou a contar com uma linha completa de produtos para siderurgia reforçou a presença no exterior. Nesse período investiu US$ 2,5 milhões e ampliou em 50% a capacidade de produção atingindo 6,5 milhões de sensores. De lá para cá, as exportações também cresceram 50% e representam 20% das vendas, segundo Freire. Além do sensor, a operação envolve todos os instrumentos ligados ao processo de leitura. "O mercado mundial de sensores é de cerca de US$ 700 milhões."

O grupo tem três empresas. Os sensores descartáveis ficam com a Ecil Met Tec. O negócio responde por R$ 44 milhões do total faturado e a carteira de clientes tem nomes como Usiminas, Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A venda para a indústria do aço representa 85% do total e será o foco da Ecil no exterior. Os demais 15% ficam com as fundições. O grupo tem ainda a Ecil Produtos e Sistemas de Medição e Controle e a Ecil Informática.

Criada em 1929 como uma empresa comercial, a Ecil passou a atuar no segmento industrial em 1963 produzindo alternadores para vagões de trem. Em 1970, contou Freire, a Rede Ferroviária Federal, única cliente, decidiu não fazer mais vagões.

Foi então que os sócios, que já distribuíam produtos Leeds, decidiram pela produção local. Posteriormente, a Ecil se classificou junto ao Conselho de Desenvolvimento Industrial, órgão do governo, a produzir também controladores industriais. Da época da Leeds, Freire e os filhos mantêm uma importante "rede de amigos" atuando como consultores no Japão, França, Itália e Alemanha, e as parcerias com institutos de pesquisa ajudam na atualização tecnológica.