Título: Nova emissão do Tesouro pode vir logo; risco Brasil em queda
Autor: Simone e Silva Bernardino e Silvia Araújo
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/11/2004, Finanças & Mercados, p. B1

O mercado de câmbio, enquanto aguardava a decisão do Copom, teve um dia de poucos negócios, ao sabor do fluxo positivo ditando a baixa da moeda. Segundo profissionais, o risco-Brasil abaixo dos 500 pontos estimula novas captações de empresas e instituições, o que eleva o fluxo de divisas para o país e ajuda a derrubar as cotações da moeda - tanto é que já se fala firmemente em nova emissão do Tesouro. Um operador avalia que a "moeda só não caiu mais por conta da entrada do Banco do Brasil (BB) no mercado comprando dólares".

Hideaki Iha, operador de câmbio da Corretora Souza Barros, avalia que o real se aprecia ante ao dólar por conta do cenário positivo, a começar com as expectativas de investimentos. "Além disso, o petróleo tem se mantido em baixa, o que ameniza a pressão sobre a divisa". Hideaki acredita que a possibilidade de o Banco Central entrar no mercado para recompor reservas é quase nula em função das expectativas de inflação. Se o BC decidir entrar no mercado será com lotes e datas para compra pré-definidos de modo a interferir o mínimo possível no câmbio.

Neste cenário, o dólar comercial chegou às últimas ofertas a R$ 2,762, em desvalorização de 0,79% - menor cotação desde 19 de junho de 2002. Na semana, a moeda já acumula 2,27% de perdas e no mês, 3,22%.

O mercado de renda fixa apostava num aumento de 0,5 ponto percentual para a Selic - o que acabou acontecendo. Ao mesmo tempo, analisava-se o avanço da inflação, medida pelo Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) em novembro, que subiu de 0,23% paras 0,83%. Parte do avanço foi explicado pelos aumentos e custos conforme observou-se pelo Índice de Preços por Atacado (IPA).

Nas últimas ofertas do dia, o contrato de juros de dezembro, que sinaliza a estimativa do mercado para a taxa básica de novembro para dezembro, indicou 17,18% ao ano, com 15 mil contratos negociados. Nos contratos mais longos, o de abril projetou taxa de 17,69%, frente 17,76% do ajuste de ontem, com 226 mil contratos fechados.

No mercado de câmbio, além do fluxo positivo, o mercado refletiu comentários de que o governo fará uma emissão soberana em reais, correspondente a US$ 350 milhões, até a próxima terça-feira. Os papéis com prazo de cinco anos seriam vendidos com cupom entre 17,5% e 18,5%. A expectativa desta operação contribuiu para derrubar ainda mais a cotação do dólar. A taxa de risco-País teve queda de 2%, para 428 pontos.