Título: Fundos de pensão descartam perdas
Autor: Lucia Rebouças e Rômulo Neves
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/11/2004, Finanças & Mercados, p. B2

Menos 0,5% de um total de R$ 270 bilhões está em aplicações com títulos do banco. O patrimônio dos fundos de pensão, administrado por assets management que aplicavam em títulos do Banco Santos é inferior a 0,5% da carteira de investimentos total do setor - cerca de R$ 270 bilhões - conforme a Secretaria de Previdência Complementar (SPC). Ou seja, o valor máximo envolvido pode chegar a R$ 1,35 bilhão.

Os recursos estão em fundos de investimentos administrados pela Santos Asset Management ou em fundos que tinham em suas carteiras papéis do banco. Os técnicos da SPC estão mantendo contatos com o banco e os gestores, mas não esperam impacto no setor.

Se houve perdas, elas só serão conhecidas a partir da avaliação da situação das carteiras da asset e de como ficará a precificação dos títulos originados pelo banco. Os fundos de pensão são cotistas dos fundos de investimentos e por isso estão sujeitos à determinação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que deu prazo de 30 dias para que seja dada uma solução para as carteiras sob gestão da Santos Asset.

A Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, não espera perdas porque os recursos envolvidos com fazem parte de gestão tercerizada, que é responsável pelo resultado da aplicação. Outros fundos de pensão estão na mesma situação.

Terceiro maior fundo do País, a Funcef tem uma carteira de investimentos em renda fixa em torno de R$ 11,8 bilhões. Desse total, R$ 4,7 bilhões são administrados diretamente pela fundação, que não tem nenhuma aplicação em ativos do Banco Santos. A administração dos demais R$ 7,1 bilhões está a cargo de mais de seis gestores e, entre esses, um deles investiu em um fundo financeiro, que tinha CDB do Santos na sua carteira.

O valor administrado por esse gestor é de R$ 10 milhões e o fundo em questão pode ter outros ativos, além dos títulos do Santos. Mesmo assim, a Funcef informou que preferiu provisionar o valor.

Os fundos administrados pela Santos não estavam desenquadrados, conforme informações da Austin Rating - pela legislação os fundos de investimentos não podem aplicar mais de 10% em papéis de uma mesma instituição. Mas os que aplicavam em papéis do banco terão suas cotas comprometidas: o investidor poderá ter perda do proporcional aos recursos aplicados nesses papéis. Outro caso que poderá gerar perdas é o de um fundo que adquiriu cédulas de crédito bancário sem garantia.

BRB informa perdaOs fundos de investimento já estão sentindo os reflexos da interdição da banco paulista. Fundos que têm CDBs do Santos e que devem marcar suas cotas diariamente já apresentaram ontem desvalorização referente às perdas estimadas. É o caso do BRB de Brasília, que teve desvalorizações de até 13% em um de seus fundos.

A CVM obriga os fundos a marcarem suas cotas, mas nem todos os gestores já marcaram as perdas advindas da deterioração destes títulos. Apesar da necessidade de resolução da situação - com a venda ou liquidação do banco - os títulos do Santos devem ser marcados pelo mercado. Ontem, esse valor era próximo de zero, dada a total falta de liquidez destes papéis.

Funcionários

Na terça-feira vários funcionários do Banco Santos foram liberados, mas não dispensados, por iniciativa do interventor.

kicker: Funcef tinha gestor que aplicava em fundos investidos em ativos do Santos