Título: Centro referência em câncer infantil terá expansão em SP
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/08/2004, Gazeta do Brasil, p. B-13

BNDES financiará obras do hospital Boldrini, que investirá em Campinas R$ 14 milhões em nova unidade de radioterapia. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiará a expansão do Centro Infantil Boldrini, um dos principais unidades brasileiras de diagnóstico e tratamento do câncer infantil, localizado em Campinas, interior de São Paulo. O anúncio foi feito ontem pelo presidente do banco, Carlos Lessa. O economista participou durante o dia de ontem do 3º encontro nacional da indústria de revestimento cerâmico.

O Centro Boldrini investirá R$ 14 milhões na construção das obras civis e na montagem de uma com intensidade modulada exclusivamente para tratamento oncológico infantil. Será a primeira unidade com este tipo de tecnologia que atenderá pacientes vinculados ao Sistema Único de Saúde. Hoje, os pacientes que necessitam deste tipo de tratamento são submetidos a radioterapia com Bomba de Cobalto, instalado no Hospital Municipal Mario Gatti, em Campinas.

O complexo hospitalar abrigará no futuro uma área de medicina nuclear e outra de ressonância magnética. Para a construção desta primeira fase, o Centro Boldrini já dispõe de R$ 5 milhões, oriundos basicamente de doações da comunidade regional. Uma campanha em mídia que ficou no ar durante um mês teve uma pequena participação neste valor.

Viabilidade

Com a entrada do BNDES, o projeto tem assegurada a viabilidade. O Banco, explica o presidente da instituição, participará de duas formas para garantir os R$ 9 milhões necessários para o fechamento da engenharia financeira. A primeira será o desembolso de 20% deste valor a fundo perdido. O restante (R$ 7,2 milhões) será liberado pelo banco a partir de uma modalidade de financiamento prevista no programa de apoio para desenvolvimento social.

A operação funciona da seguinte forma. Empresas privadas podem se habilitar a linha de crédito. O BNDES antecipa os recursos para o tomador entregar ao Centro Boldrini. A empresa tomadora assume a amortização da dívida. Os prazos são de sete a oito anos com juros inferiores ao da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), base para os financiamentos do BNDES.

A partir de agora, o Boldrini deverá buscar empresas interessadas em se habilitar ao programa para conseguir os recursos necessários a conclusão da obra até agosto do próximo ano. A articulação desta solução foi feita pelo empresário e hoje presidente da Agência de Promoção de Exportações (Apex), Juan Manuel Quirós.

Segundo ele, alguns setores industriais serão chamados a colaborar no projeto para a construção do complexo hospitalar. "Um setor já contatado é o de papel e celulose. Outros serão procurados também", afirmou Quirós. Uma forma de reduzir a demanda de recursos foi a participação de setores na oferta de materiais.

A indústria cerâmica, afirma Quirós, participará do projeto com a doação de revestimento que será usado no acabamento. O valor deste contribuição pode superar R$ 600 mil. A indústria moveleira também poderá integrar o esforço.

O hospital deverá atender à cerca de 25 crianças por dia. Além de atender pacientes carentes, a tecnologia que será utilizada no tratamento reduz substancialmente os efeitos colaterais da radioterapia. Como tem intensidade modulada, a radiação atinge apenas as células doentes, o que preserva os demais tecidos. Segundo Silvia Brandalise, diretor do Centro Boldrini e uma das responsáveis pela transformação do hospital em referência internacional na área de oncologia pediátrica, muitas crianças e jovens conseguem ser curadas. Doação de material por empresas pode diminuir custo da reforma