Título: Pressão vinha desde o início
Autor: Leite, Sérgio Prado, Otto Filgueiras e Samantha Li
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/11/2004, Nacional, p. A4

As pressões para a substituição de Carlos Lessa na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) logo após sua posse. Dono de uma língua ferina, a exemplo de Maria da Conceição Tavares, Lessa não economizou críticas à condução da política econômica ao longo dos quase dois anos em que esteve à frente do BNDES. O desafeto com o ministro de Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, foi o embate mais incisivo de Carlos Lessa. Logo após a nomeação, os atritos entre Furlan ¿ a quem Lessa deveria se subordinar ¿ só aumentaram, mesmo com os pedidos públicos de Luiz Inácio Lula da Silva para acalmar os ânimos.

Tudo começou quando Lessa abriu fogo contra o amigo de Furlan e ex-presidente do BNDES, Francisco Gros, sobre as reformas feitas na estrutura do banco. Além disso, eles divergiam sobre o foco da instituição, abrindo um rasgo entre a consolidação de grandes corporações ¿ defendida por Furlan ¿ e o apoio ao microcrédito e a pequenas e médias empresas. O segundo acabou ganhando destaque durante a gestão de Lessa.

A resposta seriam críticas do ministro, que chegou classificar de lenta a liberação de recursos do banco. No dia seguinte, Lessa rebateu: "A análise de um projeto de investimento não é como a compra de pão na padaria". No setor bancário, Lessa também colecionou inimigos, a partir do financiamento de US$ 400 milhões dado à Petrobras.