Título: Deságio elevado é a prova de que não há dumping, diz Dilma
Autor: Raymundo de Oliveira
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/11/2004, Energia, p. A6

A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, aludiu ao bom resultado verificado no leilão de linhas de transmissão ocorrido ontem para defender que o megaleilão de energia existente, progra-mado para o dia 7 de dezembro, deverá induzir competição entre os agentes vendedores.

Questionada sobre o temor de representantes do setor e de analistas de que as geradoras estatais pratiquem dumping no certame, a ministra ressaltou a disputa acirrada para o lote A do leilão, em que a espanhola Abengoa venceu a concorrência com uma oferta de deságio de quase 48%. "O preço mais baixo foi mais uma vez da Abengoa, que superou as propostas da Isolux, de 41%, e da Chesf/Eletronorte de 40%. Todos participaram para ganhar e a competição levou à queda de preço, é regra de mercado", disse. "Com esse exemplo quero dizer que acho essa hipótese de falta de concorrência absolutamente risível"

Dilma também justificou sua crença na competição com a já verificada queda nos preços praticados pelas geradoras. "Hoje, as menores tarifas estão com as estatais, com algumas privadas e com poucas federais", disse.

Sem conluios

A ministra reafirmou que o governo não permitirá a formação de conluios no megaleilão. Ao participar do encerramento do Encontro de Agentes do Setor Elétrico (Enase), ocorrido em São Paulo, a ministra orientou os agentes presentes a permanecerem atentos, "porque não há uma forma única de participação no leilão". E completou que "para bom entendedor, poucas palavras bastam". Posteriormente disse que se referia à elaboração de estratégias para a participação de cada concorrente. "Cada agente deve fazer sua estratégia, tanto as estatais quanto as privadas sabem que não existe possibilidade de ninguém formar conluio", afirmou. "Isso seria uma afronta às regras de mercado".

A ministra não quis comentar suas expectativas para o leilão do próximo dia 7. Declarou apenas que gostaria que as tarifas dessem ao País "os melhores sinais possíveis", refletindo o quadro do volume de energia existente hoje e a necessidade de expansão.